domingo, 30 de maio de 2010

Instintivo




Como deve ser complicado sentir
O que não queria se sentir.
Ter que ficar atento,
A todo interno movimento,
Para não demonstrar,
Não deixar escapar
Uma oculta atração,
Que dilacera o coração.

É uma situação, vergonhosamente comum,
Que pode acontecer a qualquer um.
Se pudéssemos dominar
Ou pelo menos, conscientemente direcionar
Essa força bruta,
Que mete medo e assusta...
De tão poluta,
De tão abrupta...

Vivemos acorrentados a convenções,
A mesquinhos e mentirosos grilhões,
Que nos impedem de termos a liberdade
De exercermos o direito à espontaneidade.
Nossa sexualidade é teleguiada
E castradoramente limitada,
Por regras falsas,
Que obrigam à maioria a pular da balsa...

É quando escorregamos para os porões,
Das nossas tentações...
Parece algo soturno,
Exatamente por estar oculto,
Mas é ali, que se encontra o sentido,
Da verdadeira libido,
Que desconhece qualquer preconceito.
Mira apenas a satisfação no leito.

Quem ainda não passou pela situação,
De ter que driblar feito pentacampeão,
Para esconder o que parece já que todos sabem.
Aqueles instintos que os outros dizem, que não nos cabem...
Mas que gritam dentro de nós
No escuro do quarto, quando estamos sós.
Quando ninguém pode censurar,
O que está a nos arrepiar.

Que poder tem a verdade!
A mais verdadeira vontade...
Talvez, essa seja a prova mais racional,
Do quanto ainda há em nós, de irracional,
De instintivo,
De primitivo,
De animal,
De, incontrolavelmente sensual.

O que seria de nós sem a nossa fantasia,
A pontuar nosso dia a dia...
Essa explosão de rebeldia,
Contra a famigerada apatia!

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