domingo, 16 de maio de 2010

Gosto de Utopia



Eis que do nada,
De súbito,
Num impulso único,
Sob uma postura abusada.
Surge de forma escandalosa,
Obscenamente prazerosa,
Para surpresa do próprio manguezal,
Que, por si só, já surpreende sem igual,
Um quadrado de área considerável,
Crivado de flores amarelas,
Recém-saídas de uma enlouquecida aquarela.
Uma fuga, considero eu, louvável!

Que espetáculo gigantesco!
Dentro de sua simplicidade, soberbo!
Uma espécie de brincadeira,
Elaborada pela vontade primeira...
Algo muito bem arquitetado,
Pra deixar qualquer um, abobalhado...
Que beleza mais bonita de se ver...
Que pureza mais purinha de se ser...
Vinha em passo apressado,
Quedei-me ali, completamente estupefato...
Abobalhado com aquela explosão amarela,
Em nada discreta, mas tão singela...

Após o susto, o que senti foi uma alegria viva,
Pulsante,
Contagiante,
Daquela que se precisa para enfrentar a subida!
Pareceu-me, do mangue, um tipo de provocação,
De autopromoção...
Do tipo: “olhem o que sei fazer”
E, realmente, surpreendeu a todos, com seu proceder.
Uma obra tão delicada,
Tão clara,
Tão rara,
Que poderia se chamar “A Existência Celebrada”!

Foi um mergulho na alegria,
Com gosto de utopia!

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