sexta-feira, 16 de abril de 2010

Entre



Nas águas da juventude,
O branco é branco,
O preto é preto...
Sem qualquer chance de discussão,
Ou negociação.
É vigorosamente radical a atitude.

Com o passar do tempo
E a conquista do início do amadurecimento,
Muda-se, sensivelmente, de opinião.
Retira-se, naturalmente, o grilhão
De ter que definir e qualificar,
De ter que, necessariamente enquadrar...

Ganha-se um inestimável jogo de cintura,
Que proporciona um viver mais tranquilo,
Sem tantos juízos...
Sem, entretanto, enfraquecer a postura.
Ao contrário, essa maleabilidade
É que acaba oferecendo a prosperidade.

É preciso assimilar que o universo está em expansão.
Nada está ou permanecerá estático.
Resistir às mudanças é um comportamento estrábico,
Desprovido de qualquer fundamento, ou razão.
Tudo, absolutamente tudo, muda
E isso assusta.

Existe o famigerado apego ao conhecido,
O pseudo-conforto do estabelecido,
Com suas categóricas definições
E alegóricas ilusões...
A intenção é manter cada qual em seu quadrado,
Para ser, devidamente, manipulado.

Mas, quando se percebe as sutilezas das cores,
As infinitas possibilidades de odores,
A multiplicidade de ardores,
A infinidade de sabores,
Lamenta-se o tempo perdido.
Olha-se com outros olhos, o desconhecido.

O que está entre dois conceitos,
Pode conter a semente
Da liberação da mente,
Na direção da verdade de cada peito.

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