sexta-feira, 30 de abril de 2010

Está Escrito



Já começamos nosso processo de redenção.
Existe uma parte da população,
Que está acordando
E se repensando.
Está se conectando
Com o que vem despontando,
Com o que não pode mais ser ignorado,
Por se provar ser inquestionavelmente,
Incontestavelmente,
Mais adequado.

Mas, ainda há muito por corrigir,
Muito por se reconhecer
E se dirimir.
Muito para se conhecer
E aprender.
Muito para se perceber
E se interiorizar,
Para se assimilar.
Muito para se descartar
E se aliviar...

Foi muito tempo na escuridão
Da material ambição;
Na busca pelo conforto,
Mandando a ética para o esgoto;
Na desolação
Da manipulação;
Na luta por aceitação,
Em detrimento do coração;
Na incompreensão
Da plenitude da imensidão...

Agora, uma fatia da humanidade
Consegue, finalmente, enxergar
E, o que é melhor, rejeitar
Grande parte da barbaridade,
Que nubla a atualidade,
Com suas falsas riquezas
E desprezíveis certezas.
Isso, além de fundamental,
É encorajador
Essencial,
Para se redescobrir o interno ardor.

Aquele lugar mais que sagrado,
Fonte do nosso equilíbrio,
Onde está gravado o nosso destino...
Aquele verdadeiro,
Oriundo do instante pioneiro...
Aquele que impulsiona nossa jornada
Pela ladeira ensolarada,
Cheia de flores e carinhos
Onde nunca estamos sozinhos.
Aquele que nos quer alados!

Essa fatia há de se espalhar,
Sobre a parte que está a adormecer
E reluta em acordar,
Pondo-se assim, a perder.
Há de se sobrepor
A toda dor!
Há de prevalecer
Sobre o que está a apodrecer...
Há de vingar!
Esse sol tem que raiar,
Pelo bem de todos.
Há de devolver o sorriso aos rostos!



Dedico esse texto ao exemplo de vida que é minha amiga,
Poetisa,
Compositora,
Cantora,
Cáritas Miguel

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Excentricidade



Essa tarde outonal,
Bem acima do normal...
De onde vem esse rosa,
Que listra o céu, todo prosa?
Magnífica alegoria,
Que evoca alegria.

Banha-nos em ternura.
Estamos carentes de sua doçura.
Temos cicatrizes pluviométricas.
Invada-nos com sua vanguardista estética.
Derruba nossos muros.
Mantenha-nos todos mudos.

Derrama esperança.
Puxa a nossa bonança.
Estamos tristes.
Apaga-nos os deslizes.
Perdoa-nos os declives.
Faça-nos um convite

À sua leveza,
Firmamento de pureza.
Desenho espetacular!
Rouba-nos o ar,
Com sua excentricidade
E discreta eletricidade.

Entardecer,
Que rima com enternecer...
Com ligeiro estremecer
De sensual prazer.
Lava-nos a alma.
Estenda-nos sua palma.

Somos tão pequenos,
Mediante seu enlevo...
Espelha-nos!
Espalha-nos!
Envolva-nos,
Dissolva-nos!

Fica mais um pouco.
Levanta-nos o toldo
Da arrogância,
Da dissonância,
Com o seu poder
De enaltecer o viver.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Namastê, Wel !!




Ele é filho da montanha!
Daí sua força tamanha.

Há muito tirou seu capuz,
É devoto de Jesus!
Inspirado pela natureza,
Dono de singular pureza,
É o poeta do natural!
Pés no chão,
Cabeça no astral,
Olhos na imensidão!

Yang por excelência,
Yin por incumbência!
Narley é seu ponto de referência.

Contestador da vida material.
Seu empenho dirige-se ao espiritual.
Buscador da grande verdade,
Trovador da felicidade!
Régia fé,
Guardião do Itambé.

Nada tem de quieto, apesar de ser mineiro...
Ama sua família, por inteiro.
Respeitador do princípio primeiro!

O firmamento é seu teto.
Não se entende bem com dinheiro...
Faz pose de menino levado,
Mas é protegido por encantados.
Traz os seus em primeiro lugar.
Pertence ao sol que ainda vai raiar.

Nudista!
Daimista!
Semi-anarquista!

É espiritualista.
Mas, acima de tudo: vanguardista!
Seus versos são claros,
De conteúdo raro!
Se pudesse, salvaria o mundo, sozinho.
É feito da mais pura palha de amor, o seu ninho.

Visionário!
Libertário!
Sabe muito bem o seu itinerário.

De temperamento conclusivo,
Seu comportamento é efusivo!
É simples, de uma forma sofisticada.
Não nasceu para a arquibancada.
Seu lugar é na linha de frente,
Conduzindo toda a gente.

Delicado, carinhoso,
Fogoso, dengoso...
Por Guilherme, seu neto derrete-se todo.

Líder nato,
Seu pensamento é, em si, um desacato
Ao estabelecido,
Ao apodrecido.
Senhor de inesgotável energia
Sua fome é de alegria!
Homem-menino!
Toca bem alto seu sino!

O único detalhe seu que não entendo
É ele ser torcedor do flamengo...
Lamento!

Reinventou a palavra amigo,
Com um novo e nobre sentido.
Tem pretensões a semente.
Que sorte, para toda a gente!
Invadiu minha vida...
Espero que nunca encontre dela, a saída...

Sua temperatura é a máxima.
Sua alma é ávida!

Pelas filhas Wenna Dáfne e Wiara Ísis
É capaz de ir buscar um arco-íris.
É das Gerais.
Inspirado por Espaciais!
Resumindo: o rapaz é um presente para qualquer um,
Que saiba que “Somos Todos Um”!


Esse texto vai para meu alucinado amigo/irmão
Welinton Magno

terça-feira, 27 de abril de 2010

Estampado no Horizonte




A ideia não é cair...
É se jogar
Na vida!

Situações bastante diferentes,
Com motivações divergentes,
Que produzem resultados,
Incontestavelmente, diversificados.

Na primeira, o indivíduo meio que sem opção,
Acaba optando pela adesão,
Após muito se debater
De tentar fazer prevalecer
A sua ilusão,
Acaba soltando as garras da margem,
Deixando-se, finalmente, levar pela Viagem.

Na segunda, o elemento para, analisa,
Internaliza o benefício da brisa.
Levanta a cabeça para ver o céu,
Permitindo, nesse instante, a queda do véu,
Respira fundo,
Agradece ao mundo,
Essa sagrada oportunidade
E salta com tranquilidade.

A primeira é acidental,
Única saída,
É demorada a adaptação...
Sempre aparece uma contestação,
Uma ilusão
De frustração...
Esse quadro acaba se diluindo,
À medida que vai se caindo...

A segunda é intencional,
Passional,
Nela, confia-se nas surpresas,
Arrepia-se com as belezas,
Mergulha-se em tonéis de bem-querer!
Desnuda-se, com espontaneidade, o ser...
Desperta-se o servir,
Ilumina-se o sorrir.

Ao se atirar nesse etéreo rio,
Sem se deixar aprisionar,
Embaraçar
Pelas margens, incrivelmente floridas,
De sombras convidativas,
Indo direto ao meio
Do leito,
A acolhida
É, no peito, sentida.

Faz toda a diferença!
Suaviza a sentença.
Aproveita-se mais,
Vive-se mais!
Assimila-se o convergente,
Adota-se o abrangente...
Entende-se um pouco melhor.
Apreende-se o maior!
Dilui-se poeticamente, na fonte,
Estampando-se serenamente, no horizonte!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Espontâneo


Estou mergulhado em tamanha sinceridade,
Que será improvável, não alcançar a tranquilidade.
Está tudo tão claro,
Todos os fatos,
Todos os dados...
Listado, tudo que me é caro!

Sou o produto de um passado,
Inegavelmente conturbado,
Pleno de fortes experiências.
Conheci muitas cadências,
Muitas vivências,
Muitos níveis de consciência.

Foram muitas andanças,
Submersas em esperanças...
Todas originalíssimas,
Impactantes,
Importantes,
Algumas, belíssimas!

Conheci muitas escolas de pensamento,
Com o mesmo pano de fundo como argumento,
Divergindo, apenas no acabamento,
Na apresentação do fundamento.
Sempre gostei de pesquisar,
De me aprofundar.

O resultado dessa característica,
Foi o fim de toda estatística...
A demolição das catedrais,
Dos templos colossais,
Erigidos pelo tempo.
...Não suportaram o arrebatamento!

Entrei no espelho
E ouvi seu conselho.
Sigo o meu coração,
O que ele diz e pede no momento,
O que me dita o sentimento.
Assim, elaboro a minha canção.

Adequada à minha voz,
Aos meus nós...
Às minhas necessidades,
Ao atual entendimento da verdade.
Seguindo princípios universais básicos,
Sinto-me cada vez mais ávido.

Estou pronto para o próximo passo:
Desmistifiquei-me,
Simplifiquei-me!
Devo satisfação, apenas ao universo.
Vem dele a inspiração para os versos
E a espontaneidade para o abraço.

domingo, 25 de abril de 2010

Espetacular



Como é bom atender aos apelos interiores.
Sobrepô-los sobre os exteriores,
Tão contraditórios,
Quanto ilusórios.
A consequência é uma tranquilidade,
Que convida, automaticamente, à felicidade.

Creio que ninguém tenha dúvida sobre esse pensamento.
O problema está em colocar em prática esse argumento.
A correnteza da vida ocidental arrasta para o oposto.
Macula com suas materiais ilusões, o rosto.
Corrompe o caráter homeopaticamente.
Foca na ascensão social, irresponsavelmente.
Desintegra a personalidade,
Que, naturalmente se voltaria o centro.
Corrói tudo por dentro,
Com o seu voraz apetite capitalista
E sua filosofia alienante e individualista.
Cega a humanidade!

O estrago é tão feio,
Que trinca o esteio...
Abre fendas!
Cria estranha lendas,
Estéreis, por serem infundadas...
Mesquinhas, de tão desencontradas!
Trava.
Castra...
Inutiliza.
Inviabiliza!

Desvia o homem do seu cósmico destino
Atrasa todo o processo evolutivo.
Ensina o enganar.
Prega o tramar...
Sob qualquer ângulo é nociva,
Insipidamente ridícula...
De tão vazia!
É inaceitável sua vilania.

Já, o voltar-se para a alma,
O estender a palma,
Faz a existência ascender!
Traz o incomparável prazer
De ver a essência enverdecer
E, magnificamente florescer...

É preciso garra,
Para não aderir à ignóbil e material farra...
É nadar contra a maré do estabelecido,
Para desfrutar da luminosidade do esquecido.

É um retorno ao lar,
De forma... ... ... espetacular!



Esse texto é presente de aniversário para
Claudia Camila
Um dos mais belos cristais da humanidade.

sábado, 24 de abril de 2010

Estação de Passagem





É outono! Está certo!
Deixe seus apegos caírem,
Para outros sentimentos,
Mais adequados, surgirem;
Brotarem do natural movimento,
De quem caminha reto.
De quem sente real necessidade de evoluir:
De quem não admite seguir por seguir...

Tudo tem um propósito!
Ainda que um tanto obscuro,
Pode até estar oculto...
Mas, existe um fio conduzindo tudo
Que compõe e mantém em encadeamento,
O mundo.
Todo o sonhado entendimento
Está tão próximo...

Não se pode perder tempo com a folha que cai,
Com a ligação que se esvai.
Há tanto para fluir,
Para descobrir
Antes de desaguar
No imponderável mar,
Onde se guardam todos os segredos
Desse, cosmicamente criativo, enredo.

Não desejar reter a água sob a ponte,
Ao contrário, erguer a cabeça,
Já aliviada das contestáveis certezas,
E encarar o horizonte!
Com todas as suas possibilidades,
Com a sua ininterrupta atividade...
Sentir-se parte integrante dessa engrenagem!
Servir-se de passagem:

Um elo entre o céu e a terra,
Uma consciência registradora,
Dessa fábula arrebatadora;
Submeter-se à serra!
Reverenciar a mata e o mar!
Praticar a atenção
E a intuição!
Abusar da sensibilidade
Com humildade!
Nunca se afastar do Amar!

É como sinto a pulsação
Dessa outonal estação!


Esse texto é presente de aniversário para minha amiga
Mariza Guimarães Rocha

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Espiral Ascendente



Não sei se foram as horas à beira-mar.
Não sei se foi o vento cortante,
Nessa paisagem contagiante.
Não sei se foi a paixão no ar,
Só sei que minha sensibilidade,
Atingiu a fronteira da sanidade.
Ultrapassou o ponderável,
Está margeando o inflamável.

Pode ter sido o calor,
Ou a vontade de amor...
Pode ter sido o constatar
Do benefício de gostar...
Da necessidade de mudar,
De mais alto voar,
De me desprender,
Para mais crescer.

Pode ter sido um conselho
Desse azulado espelho.
Pode ter sido o reflexo,
O desejo contínuo de sexo...
Pode ter sido uma palavra,
Que caiu como lava...
Pode ter sido uma expressão,
Da imaculada expansão.

O fato é que fui atingido
Em múltiplos sentidos.
Algo se deslocou
E ainda não se acomodou.
Tudo está passando na minha frente,
Intimamente rente.
É mesmo o encerramento de um ciclo
O fechamento de um círculo.

Embarco agora numa espiral ascendente.
Um momento absolutamente, comovente!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Especialista em Limonadas


Já me decidi.
Já sei o que vou abrir:
Uma casa de sucos especializada em limonadas...
Tenho experiência mais que comprovada!
Muitos tipos de limões,
De escorregões,
De sustos,
De movimentos abruptos,
Já tive o prazer de experimentar...

Opção ou não, não vem ao caso.
Nunca parei quieto no raso...
Eram de se esperar,
As dificuldades que continuo a atravessar.
Agora, um pouco mais maduro,
Transponho com mais facilidade,
Com mais humildade,
Os híbridos muros.

Deu-se a minha iniciação
Aos dezoito anos,
Aos trancos e barrancos,
Com uma avassaladora paixão:
A primeira
De uma ribanceira...
De uma cadeia em espiral,
Que nunca me permitiu habitar no normal.

Dali em diante,
Os limões foram brotando,
Foram me atacando,
Dos lugares mais inimagináveis,
Através de surpresas acima de desagradáveis...
Notícias tsunâmicas,
Traições atômicas,
Aliás, nucleares
Executadas por competentes capatazes.

Fui aprimorando a arte de cortar,
De espremer...
De adoçar,
O que está, no peito, a arder...
A sangrar,
A apodrecer,
A doer,
A enlouquecer,
A, homeopaticamente matar!

Nem sempre ficou muito palatável o suco.
Mas, sobrevivi a tudo, até agora, nesse mundo.
Sempre buscando outras técnicas,
Novas estéticas!
Sigo aprimorando o argumento,
Atento aos sentimentos,
Aos sentidos,
Às ciladas do juízo.
Flertando com a grande verdade.
Mergulhado no conceito de humanidade.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Espasmos



Cada vez que você aparece, eu cresço.
... Um alívio, que mereço!

Quando vejo sua presença à porta,
O bom em mim acorda,
Quer abraçar,
Quer acarinhar...
É instantâneo,
Instinto subcutâneo!
O seu sorriso
Reposiciona meu juízo.

Fico olhando os seus lábios,
Imaginando o que diriam os sábios...
Passo a mão pelo seu rosto
Delicadamente,
Rompendo tudo o que foi imposto
Decisivamente,
Uma rebelião sensual,
Que atinge, em cheio, o sensorial.

Gosto de percorrer sua coluna,
Sem pressa alguma...
Até chegar à nuca,
Onde o desejo se aprofunda
Explodindo em beijos
Até chegar ao queixo.
Estanco para respirar
E na sua boca mergulhar...

Avidamente,
Demoradamente,
Caprichosamente,
Intensamente,
Fazendo nossas peles arrepiarem-se,
Nossos pelos eriçarem-se...
Acendemos a chama,
Que ao prazer conclama.

Puxo você pra cima de mim,
Para desfrutarmos do sim...
Do que a vida tem de melhor,
Do que nos conduz ao maior...
Criamos um novo sentido
Para a palavra entrega.
Nossos corpos na mesma reta
Improvisam gemidos.

Daí em diante,
A cada instante,
As fronteiras dos corpos
Ignoram os poros.
Mesclam-se,
Misturam-se,
Confundem-se,
Diluem-se...

Damo-nos as mãos.
Abandonamos o chão...
Já sem domínio
Sobre os próprios destinos...
Arfantes,
Amantes,
Lançamo-nos no espaço,
Em meio a espasmos...

terça-feira, 20 de abril de 2010

Que Vitória!!




Algumas datas pessoais
Precisam mesmo ser preservadas,
Curtidas,
Merecidamente, percorridas.
Em lugar de destaque, guardadas,
Dentre as memórias especiais.

Hoje, o que você está vivendo,
É por demais relevante,
Incontestavelmente importante.
Imagino o ritmo em que o seu peito está batendo...
Mas, acho que é normal,
Pra quem é, como nós, invejavelmente sentimental...

Esse é um momento simbólico,
Que há muito, deveria constar em seu histórico.
Dispense todos os atalhos,
Acredite em seu trabalho.
Seu comprovado talento,
É para o planeta, um alento.

Tome cuidado com as expectativas,
Elas costumam estragar as alternativas.
Deixe o enredo com o universo.
Estou certo que lhe oferecerá o melhor verso.
Da sua colheita, é só o anúncio.
Que seja do seu sucesso, apenas o prenúncio.

Estarei consigo no coração
E em pensamento.
Segure firme na invisível mão
E em seu impecável argumento.
Preste atenção em cada pequena manifestação,
Cada pequeno grão da sua emoção.

Meu amigo,
Está decretado,
Pelo poder por mim inventado,
Num lampejo de juízo:
Que hoje seja o primeiro dia
Do resto da sua vida.



Esse decreto vai para meu amigo/escritor José Cláudio Adão!
Lançamento do seu primeiro livro:
“A Vida do Bebê – Segunda Parte – De 40 para Frente”

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Escorregadia Ribanceira




Existe algo que não se cansa de, negativamente me surpreender,
De me causar espantosos tremores,
É a terrível facilidade que o ser humano tem para inverter valores.
Para desprezar o que, segundo o seu material julgamento,
Não lhe convém,
E investir na massa disforme que o sustem.
Eis a receita nada sábia para o atual circo de horrores,
No qual o homem, inconcebivelmente teima em viver.

Difundem-se valores rasos, vazios,
Assustadoramente sombrios...
Calcados nada mais, nada menos,
Do que numa sucessão de pequenos erros.

Parece até que a humanidade,
Simplesmente perdeu a capacidade,
De enxergar,
De reconhecer,
De escolher,
De caminhar,
No que lhe é evolutivamente adequado.
No que lhe deixaria cosmicamente realizado.

Troca grandes feitos,
Pelo sustentar do seu absurdo jeito,
A sua incontestável tendência,
De sabotar a consciência,
Em troca de algum suposto conforto,
Que lhe suplica o seu ego roto.

Ignora seus verdadeiros afetos;
Tudo aquilo que lhe serviria de teto,
Pela possibilidade de alguns trocados,
Pela promessa de fama,
- Serve, para tanto, qualquer cama –
Não importando o saldo de irmãos destroçados.

Vale tudo para “subir na vida”,
Para satisfazer seus desejos,
Completamente fora do universal contexto.
A ética foi completamente esquecida.

O resultado é isso que aí está: essa pasmaceira,
Essa escorregadia ribanceira.
Estamos bem distantes,
De tudo que é efetivamente, relevante.


E o pior é que na linda de chegada,
Recebe a constrangedora recompensa
De quem não pensa;
De quem não raciocina,
Apenas se inclina:
O NADA!

domingo, 18 de abril de 2010

Epifania



As veias em meu braço estão aparecendo,
Devido ao esforço que estou fazendo,
Para manter a calma,
Para manter estendida, a palma!

Essa fricção entre os aborrecimentos
E os arrebatamentos,
Favorecem o fechamento da minha mão.
Empurram-me para o desvão,
Entre o que realizo
E o que idealizo.

Queria mais materializações,
De minhas fabulosas soluções.
Tenho uma saidinha pra tudo...
Sem complicar,
Sem sacrificar,
Para o que aflige esse mundo.

Fantasia?
Epifania?
Aí, é por conta do leitor...
... O arranjo de seu esplendor!
A configuração de sua página inicial.
O que, incontestavelmente lhe arrepia a espinha dorsal!

Minhas resoluções são simples, práticas!
Plenas de energias ávidas!
Com um caprichado acabamento,
Bordado no mais puro sentimento.
Plenas de sinceridade,
Transbordando cumplicidade.

Despidas de qualquer forma de ópio,
Baseadas apenas no óbvio!
Na irmandade,
Na sinceridade,
No espelho
Do cósmico ensejo.

Estender os braços aos irmãos,
Para, juntos, atravessarmos os abismos
Dos fanatismos e dos complexos idealismos...
Escolhermos os melhores grãos,
Para semearmos o futuro,
Com os sorrisos mais profundos.

Isso que aí está, é um ensaio que já acabou.
O bom da vida, ainda nem começou!

sábado, 17 de abril de 2010

Entregue




Estou agarrado a mim mesmo.
Atento a todos os possíveis sinais,
Da vida, da natureza, dos ancestrais,
Para não me perder no ermo,
Das arrebatadas decisões,
Que representem soluções.

Quero um pouco mais que isso,
Quero satisfações...
Aquelas oriundas das autênticas realizações.
Nunca mais me aceitarei submisso!
Nada mais me acorrentará
Coisa alguma me deterá.
O tufão quer se soltar,
Precisa se liberar!

Seu único desejo é amar...
Cada momento,
Cada fragmento!
Provocar sorriso,
É o verdadeiro juízo!
Não quer saber de trapaças,
Embora seja a favor de pequenas arruaças,
Para desmascarar a famigerada ambição
Que insensibiliza a multidão.

Sou uma onda que se alevantou em alto mar
E vem rugindo a procura de uma praia para quebrar.
É longa, a distância percorrida.
É incomensurável a magia percebida.
Venho arrebanhando mentes,
As mais sensíveis e conscientes,
As discordantes da atual dissonância,
As concordantes com a primeiríssima instância...
Para o exército das celestiais sensações,
As fundamentais percepções,
As mais elevadas emoções...
...Universais constatações!

Entreguei-me à existência,
Ao aprimoramento da consistência.
Irei para onde meu eu superior determinar.
Confio no que a vida me reserva.
O essencial, a alma preserva.
Estou solto no mundo,
Querendo ir fundo
Na essência
Minuciosa dessa cadência,
Que serpenteia
E me incendeia.
O que me importa, é ver meu sol raiar
Do alto,
Do meu último palco.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Entre



Nas águas da juventude,
O branco é branco,
O preto é preto...
Sem qualquer chance de discussão,
Ou negociação.
É vigorosamente radical a atitude.

Com o passar do tempo
E a conquista do início do amadurecimento,
Muda-se, sensivelmente, de opinião.
Retira-se, naturalmente, o grilhão
De ter que definir e qualificar,
De ter que, necessariamente enquadrar...

Ganha-se um inestimável jogo de cintura,
Que proporciona um viver mais tranquilo,
Sem tantos juízos...
Sem, entretanto, enfraquecer a postura.
Ao contrário, essa maleabilidade
É que acaba oferecendo a prosperidade.

É preciso assimilar que o universo está em expansão.
Nada está ou permanecerá estático.
Resistir às mudanças é um comportamento estrábico,
Desprovido de qualquer fundamento, ou razão.
Tudo, absolutamente tudo, muda
E isso assusta.

Existe o famigerado apego ao conhecido,
O pseudo-conforto do estabelecido,
Com suas categóricas definições
E alegóricas ilusões...
A intenção é manter cada qual em seu quadrado,
Para ser, devidamente, manipulado.

Mas, quando se percebe as sutilezas das cores,
As infinitas possibilidades de odores,
A multiplicidade de ardores,
A infinidade de sabores,
Lamenta-se o tempo perdido.
Olha-se com outros olhos, o desconhecido.

O que está entre dois conceitos,
Pode conter a semente
Da liberação da mente,
Na direção da verdade de cada peito.

Até Qualquer Dia



Sempre, é difícil aceitar a fatalidade.
Talvez, seja por isso que ela rime tão bem com atrocidade.

Se, pelo menos soubéssemos,
Se entendêssemos
Os percalços do caminho,
Estaríamos livres das garras do desatino.

Sei que tudo acontece, porque tinha mesmo que acontecer.
Sei também, que não é possível interceder.
Mas, para o meu sangue latino,
É complicado aceitar passivamente, o destino.

Principalmente, quando ele rouba o carinho,
Que adornava o ninho.
Quando ele retira, abruptamente a alegria,
Que sustentava a harmonia.

Nos primeiros momentos,
Logo após a posse do abatimento,
É inevitável chorar.
É impossível a algo se agarrar.

Só resta mesmo despencar
Até onde o coração aguentar.
Sei que ainda não é fim.
Mas, é avassaladora a dor em mim.

Partiu hoje para o infinito,
Meu gato,
Mais que amado,
Celestino!

Foi para o andar de cima, brincar
Com seu carisma exuberante,
Com seus olhos azuis cintilantes.
Foi lá ajudar a iluminar!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Encontro de Continentes


Você em mim,
Fúria carmim,
É sensação de eternidade...
Tudo em volta some.
Permanece apenas, a fome.
...Império da sensualidade!

É o Brasil se encaixando de volta à África,
Movido por essa atração impávida,
Ávida,
Atávica...

Tudo tão perfeito,
Nesse paraíso disfarçado de leito.
Difícil não pensar nos mistérios da pele,
Que torna aromatizada a brisa leve.

Você tem gosto de recompensa,
Uma dádiva imensa.
Beijar sua boca é adentrar o desconhecido,
Onde tudo é, literalmente, incerto e não sabido.

Os lábios da minha vida!
Fogueira junina...
Atrai, aquece, devora,
Feitiço de amora!

Meu corpo sobre o seu,
É o bom que se deu!

Que resolveu revelar seus segredos.
O mais inquietante enredo...
Por dentro, por fora, rumo ao centro.
Invasão do vento...

O cheiro, o pelo, o suor
A entrega, o melhor!

Ver seu corpo me enroscar,
Implorando-me para continuar,
Como se fosse concebível parar...
Como se fosse possível ao sol, não raiar...

Seguimos completamente entrelaçados,
Até o sagrado espaço,
Só conhecido pelos amantes,
Que se preservam em lugares distantes.

Lá, num impulso final,
O momento mais que excepcional,
Quando as auras explodem em prazer,
As almas se integram, num renascer...

Espetáculo inimaginado,
Indiscutivelmente encantado!
Em meio a um céu estrelado,
Está lá, para sempre, nosso amor perpetrado!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Embale-se



O ritmo é a questão.
Descobrir a verdadeira pulsação
De todas as partículas do mundo.
Incluindo aquelas que se abrigam
No mais profundo.
Aquelas que habitam no princípio,
Nos primeiros indícios.

Perceber a batida interna,
Em cada grão de terra.
Deixar vibrar por dentro,
Até atingir o centro...
Deixar-se levar
Sem pré-julgar!

Inteirar-se.
Entregar-se
Sem frescuras!
Oposto a todas as agruras,
Deixar-se balançar,
Sem se importar...

Criar uma intimidade,
Com a singularidade
De cada abraço,
Em forma de compasso.
Depositar os leques!
Respeitar os breques.

Juntar-se ao refrão,
Sem temer a improvisação.
Libertar os músculos...
Arriscar uns agudos,
Trazendo rebeldia,
À irresistível melodia.

Dançar simplesmente!
Relaxando a mente...
Fazendo o sangue circular,
Num harmônico agitar,
Instantaneamente solado,
Espontaneamente coreografado...

Ao som da percussão,

Liberar o bom do coração,

Expandindo-se em felicidade,

Em integralidade,

Com a Grande Sinfonia,

Que faz nascer cada dia!

Todos os dias,

Com simpatia

E eloquente alegria.



P.S. Esse texto foi escrito ao som (alto) de Jamiroquai

terça-feira, 13 de abril de 2010

Em Brasas



Quero deixar registrado,
Que, apesar de todos os percalços financeiros,
Não troco a minha experiência,
Nas águas incomparáveis da sensibilidade,
Pela ilusão de uma velhice segura.
Sempre preferi a busca pela altura.
Sempre me interessou a criatividade.
Sempre quis expandida a minha consciência.
Sempre me encantaram os floridos canteiros,
Muito mais, muito mais que os jardins podados.

Orgulho-me de não ser plenamente aceito
Pelo sistema.
Pertenço a outro esquema.
Bate em outro ritmo meu peito.
Tentei só semear carinho,
Ao longo do caminho.
É genuíno meu interesse pela afeição,
Nunca pela posição...
Não, não pago qualquer preço.
Prefiro o espontâneo apreço.

Vivi e ainda vivo na brasa das percepções,
Sempre atento e obediente às sensações...
Às discretas impressões,
A todas as contrações...
A tudo que me arrepie,
A tudo que me conscientize,
Que amplie o entendimento,
Desse magnífico movimento,
Que embala nossa existência,
Desafiando os princípios básicos da ciência.

Senti e ainda sinto inacreditáveis emoções,
Um relicário ainda inédito em canções.
Algo bem próximo do divino,
Magia de sino...
O supremo afeto,
Etéreo teto.
A música primeira,
A essência inteira...
Colo universal,
Absolutamente sensacional!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Destreza



Pode apertar!
Pode continuar apertando!
Não arredo pé da incomparável companhia
Da alegria.

Sei, que tudo está se encaminhando definitivamente,
Positivamente,
Para o seu devido lugar.
Sinto isso no ar...

Ao contrário de todas as conturbadas evidências,
Acredito piamente, no poder da minha luminescência.
Não me importo mais com as incompreensões,
Com as desilusões,
Com os famigerados julgamentos,
Onipotentemente desprovidos de cabimento...

Por alguns instantes pensei,
Realmente acreditei,
Que poderia contar com as pessoas,
Aquelas, que se autoproclamam BOAS...
Ah! Quanta ingenuidade!
Um deslize e tanto, na minha idade...

Mas, não tem mais a menor importância.
Outros fatores têm muito mais relevância...
Estou mesmo determinado,
A permanecer no meu céu estrelado.
Até porque, é o único lugar
Em que posso respirar.

Aqui, as estrelas multiplicam-se!
Os encantados agitam-se,
Sempre que a alma exige que eu escreva,
Que eu transpareça...
A consciência expande-se e conclama,
Em forma de poesia que aclama.

Aqui guardo os amigos, os afetos,
O “juízo”,
O verdadeiro sentido,
De se caminhar sobre o abismo,
A vida inteira,
Com a destreza de uma infantil brincadeira...

Inocente!
Sob seus próprios princípios, coerente.
Plena de alegria,
Gerada impunemente, pela harmonia,
De quem sempre quis servir
E semear o mais sincero sorrir...

De quem vive apaixonado pelo mar,
Orientado pela serra,
Juntamente com a terra...
Acompanhado pela mata
Cuja perfeição, arrebata!
De quem, o Amor fez decolar...

Para habitar
O ar,
Alternando entre pairar
E voar!



domingo, 11 de abril de 2010

Desígnios





Penso que não adianta mesmo,
Chorar sobre o leite derramado,
O afeto, grotescamente, desperdiçado...
Nada alivia esse erro!
Não se repõe o carinho,
Com que se construiu o ninho.

Não se apagam as lembranças
Do tempo de bonança...
Onde dois eram um!
Onde havia um brilho inconfundível,
Inesquecível,
No olho de cada um,
Desafiando a razão,
Denunciando a paixão.

Mas, tudo passou!
A relação acabou!
Foi terrível ter que constatar,
Pior ainda, assimilar.
Entretanto, não sobrou outra opção,
Senão, pacientemente, aguardar
A longa recuperação do coração,
Que insistia, em tristeza, naufragar.

O chão se abriu.
O fantástico castelo ruiu.
Todas as referências despencaram,
As sagradas crenças se desacreditaram.
Nada sobrou,
De tudo que se plantou.
Só o horror
Da dor...

Entretanto, a vida:
Essa continuou...
Para a íngreme subida
Apontou,
Induziu
E convergiu!
Não deixando outra opção,
Para quem se entregou à emoção.

Logo nos primeiros passos
A existência, como num grande abraço
Fez aflorar a fome de conhecimento,
Do que, realmente, sustenta o firmamento.
Pingou gotas de sabedoria,
Para incrementar a melodia.

Indicou-me o atalho para a harmonia,
Através do exercício da insubstituível poesia.

sábado, 10 de abril de 2010

Difícil de Entender




As pessoas têm mania de comparar,
De quantificar,
De julgar,
De mensurar,
O alheio sofrimento,
Sob os seus próprios critérios,
Sob os pilares do seu particular império.
Obviamente, que o resultado gera estranhamento.

O que para uns é nada,
Para outros cala fundo,
Dói no mais profundo,
Deixa a alma consternada.

Não existe um padrão planetário,
Para esse assunto tão contundente.
Julgar é tão precário,
Como contraproducente...
Comparar é tão primário,
Quanto adolescente...
Quantificar é tão arbitrário,
Quanto incoerente.

Cada um sabe, ou deveria saber,
Onde aperta o seu calo,
O tamanho do estrago,
O motivo real do seu sofrer...
Muitas vezes, a verdadeira razão
Para a devastação
Está oculta.
Não há como saber se é justa.

Eu sempre enfrentei esse problema,
Esse insuportável esquema:
Há uma aceitação unânime da minha sensibilidade,
Quando o assunto permanece nas cercanias da criatividade.
Já, quando ela escorrega para coisas simples do cotidiano,
As pessoas torcem o nariz como se eu estivesse em engano.
Esquecem que não é possível
Ser sensível
Apenas, para as coisas agradáveis,
Aquelas escancaradamente palatáveis...

O meu sentimento é um só.
Não me é possível dar-lhe um nó,
Quando ele se entristece por algo, aparentemente banal,
De uma forma brutal.
Enquanto que para a maioria das pessoas,
Excetuando-se as loucas,
Soa como uma reação exagerada,
Completamente infundada,
Para mim, foi o chão que se abriu.
O famoso piano, que sobre minha cabeça, caiu...

Tenho gigantescas dificuldades,
Para encarar o que denomino como barbaridades
Do mal fadado capitalismo,
Calcado na sofreguidão
E na absurda escravidão.
Não sei vivenciar o cinismo.
Não faço tudo por dinheiro.
É bem mais alto, o meu pinheiro...
Não estou à venda.
Assumi definitivamente, a senda.

É absolutamente encantada minha lenda!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Fruto Sagrado



Nada se compara ao prazer de espalhar sementes de felicidade,
Brotos de alegria!


Insisto: é o melhor do mundo!
O bem mais profundo!
Algo incomparável,
Em muitos momentos, incomparável.

Posicionar-se a favor da vida,
De peito aberto à subida,
Totalmente desarmado,
Internamente pacificado...
De mãos dadas com os irmãos,
Comungando com a vastidão...
Despido de roupas e receios,
Alimentado pelos cósmicos esteios:
É mais que recomendável,
É insuperável.

Sublime sensação,
Que não tem preço.
Celestial apreço!
Mantém estendida a mão,
Por sobre os tropeços
E desassossegos.
Mediante tamanha fortuna,
Encomendada pela altura,
Resta, apenas, aquiescer
E, emocionadamente agradecer.

Fruto sagrado,
De caule alado!
Extingue todas as sedes!
Une todos os pontos da rede,
Trazendo a tudo, o sentido real,
Incontestavelmente essencial!
Transforma a existência,
Em um exercício magistral da consciência,
Onde só a luminosidade é consentida.
Só a arte de amar, com todas as suas pétalas, é permitida.



Dedico esse texto ao talento, ao carinho e à atenção do poeta e amigo
Juan Manuel Pérez Alvarez

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Do Sensível



Fundamental é descobrir o que eleva,
Que não pesa,
Que transporta a um nível,
Mais próximo possível:

Do sensível!

Aquelas fontes de energia límpida,
De positividade alquímica,
Transformadoras,
Transmutadoras,

Cruzamentos de criatividade
Com sensibilidade;
De tranquilidade,
Com simplicidade.

Plenas de pureza,
Mananciais de beleza,
Onde a única certeza
É a leveza!

Aqueles convites à dança, irrecusáveis...
Os carinhos irretocáveis,
Os sons perfumados,
Os versos alados!

Alguém cantando!
O amor acordando...
O sol nascendo.
A mente transcendendo...

Expandindo-se!
Fundindo-se
Nas asas
Do nada!

Com a segurança de um navegador,
A postura de um trovador,
A impetuosidade de um descobridor...
A sensibilidade de um escritor.

Uma música ao fundo,
Encantando tudo.
Aquele beijo...
Uma paixão pulsando no peito.

Ah! O enlevo está tão perto,
Que é quase certo:
Só quem não o aproveita,
Literalmente, é quem o enjeita.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Manjedoura




Ela é delicada,
Recatada.
Parece que vai quebrar,
Que não vai suportar...
Vai surtar,
Vai se deixar macular...
Deixar-se-á deflorar?
Permitir-se-á minguar?
Para onde apontará?
Onde se recostará?

De onde vem a força,
Que na hora precisa, livra-a da forca.
Quem é que zela pelo seu destino?
Como é lindo o som do seu sino...
Qual a fonte de sua resiliência?
Será a sua inocência?
Ela é íntima do tempo,
Tempera o vento...
Habita o interior dos encantados,
O imaginário dos apaixonados!

A sua ausência enfeia o mundo
Empobrece tudo...
Enrijece a personalidade,
Enaltece a banalidade...
Hiato!
Vácuo!
Buraco negro
Desenredo...
Suplício,
Desperdício...

Em sua presença calma,
A divindade se revela,
Através da alma,
Que se acende feito vela...
A beleza aparece.
O céu desce...
A luz assume seu lugar.
Fica bem mais convidativo respirar...
Compartilhar
E se entregar.

Natural detentora do poder,
Proporciona o enternecer.
Carrega consigo o dom,
De ouvir aquele som
Mágico das esferas,
Com aromas de primaveras.
Nosso futuro está sob suas asas
Acolhedoras,
Manjedouras...
Mantenhamos acesas, as suas brasas.

Ela é o segredo da entrega,
A verdade da quimera...
O fator determinante
Para tudo que se apresenta
Como relevante;
Para tudo que se assenta
Como preponderante,
Como apaziguante.
A pureza,
É o principal ícone da nobreza.


Esse texto é presente de aniversário para um homem puro,
Meu amigo Alcir Andrade!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Delírio Consciente



Um pouco de febre...
Dado inconteste.
Vontade de mar aberto,
De ter imensidão mais perto,
Com seu perfume inconfundível,
Sua canção interminável e inesquecível...

Sombra de coqueiro,
Espreguiçar por inteiro...
Um novo tempero
Para aguçar o empenho.
A brisa,
Que suaviza...
Abranda,
Branca,
Sintetiza
E convida...

Tenho febre.
Ah! Se o tempo fosse mais célere,
Se ouvisse meu apelo
Dorido,
Comovido!
Se lesse, atentamente, meu roteiro
E me desse seu aval,
Para esse vôo fenomenal,
Redentor,
Resgatador!

Depois de tantos tropeços,
A chance de um recomeço,
Mais que idealizado...
Milimetricamente calculado,
Desenho de alma,
Faz suar a palma,
Que espera a oportunidade
De realizá-lo, com veracidade.

Arremate de uma história,
Que há de ficar na memória.

Ah! Essa febre!
Calor que persegue...
Delira
Inspira,
Arrepia...
Ardentia
Alada,
Azuldourada!

De uma vez por todas,
Por sobre as cercas mouras,
Desperta-me
E me conduza.
Espeta-me
E me induza.
Liberta-me
E me seduza!

Com tudo que está entre,
Com as fibras de seu ventre
Leva-me para sempre.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Deliciosos



Pertenço à raça dos valentes,
Dos que não desistem,
Dos que insistem,
Dos sobreviventes...
Dos que não se entregam
E se confessam
Admiradores,
Além, de colaboradores,
Do universo,
Dos fazedores de versos!

Aqueles, que são mais que resistentes,
São resilientes!
Acreditam numa energia maior,
Capaz de nos conduzir ao melhor!
Aqueles que são mais que otimistas,
São ativistas,
Pacifistas,
Genuínos artistas
Na arte de crescer,
Através do perceber.

São vanguardistas,
Ativistas,
Além de pacifistas,
São artistas!
Cultivam o crescer,
Através do perceber.
Têm braços enormes
E fortes!
Prontos para acolher
E aquecer...

Uma gente, um pouco estranha,
Causadora de estática...
Carismática!
Provocante,
Instigante...
Com sua afeição tamanha,
Com seu prazer em gostar,
Em compartilhar,
Em aprender,
Em se desprender...

Um povo adepto da simplicidade,
Da humildade,
Apaixonado,
Arrebatado,
Apaixonante,
Amante,
Consciente,
Ardente,
Harmoniosamente musical,
Evidentemente sensorial.

Escandalosamente sensual!

domingo, 4 de abril de 2010

Destranque a Porta



Ah! Por favor, faça uma pausa em seu tormento.
Por Deus, mude o seu argumento.
A vida não é sua inimiga.
Para tudo, há sim, uma saída.
Abandone esse negativismo.
Pra que todo esse pessimismo?
Tire a cabeça do umbigo.
Seja o seu melhor amigo.
Sua face está se desfigurando.
Seu tempo está passando...
Reaja!
Levante e se abra.
Até parece que só você sofre...
Retire esse manto escuro que lhe cobre,
Que lhe enforca,
Que lhe deforma...

Se você continuar a se ferir,
A se denegrir,
A se destruir,
Não sobrarão ferramentas
Para você se restituir...
Essa sua amargura,
Leia-se autotortura,
Vai lhe levar a nada...
E esse seu humor limão,
Faça logo uma limonada.
Saia, imediatamente dessa armadura!
É vergonhosa sua postura...
Pare de rastrear...
De rastejar,
Por quem lhe abandonou.
Seu bom senso naufragou.

Quando você emergir,
Vai se arrepender
Desse precioso tempo perdido,
Por algo que já devia estar esquecido.
É insano.
Um terrível engano.
Volte para o seu centro.
Olhe-se por dentro
E veja o absurdo,
Desse seu magoado muro.
Quando você voltar a sorrir,
Vai entender tudo de forma diferente.
O negativo confunde a mente.

Você, ainda, tem tanto pela frente!

Destranque a porta,
Vá para fora!
Cumpra o seu destino.
Dobre o seu sino!

sábado, 3 de abril de 2010

Tinha que Acontecer



Seria impossível não errar, em algum instante,
Vivenciando essa pressão constante,
Esse desassossego,
Esses constantes atropelos...

Mas, analisando calmamente,
O que é quase impraticável para minha mente,
Tinha que ser assim:
Mais um equívoco que chega ao fim...
Fui obrigado a enxergar
O que eu não queria assimilar.

Está feito,
Não tem mais jeito.
Não tem volta.
Arrebentou a corda!

Que, cada um siga para o seu lado.
Está sendo um pouco complicado,
Porque, para variar, apesar de todos os defeitos,
De todos os especiais efeitos...
Eu estava apegado.
Mais que nunca, sinto-me deslocado.

Paciência!
É o preço que se paga por ter consciência,
Por não concordar com a exploração,
Em cima dessa tão sofrida população.
Fato corriqueiro para os empresários dessa cidade
Cujo tratamento ao funcionário, é uma calamidade.

Os egos desses senhores, só aceitam os puxa-sacos,
Os que aceitam tudo calados
E, pelas costas escangalham e roubam o patrão.
Isso, para mim, é devastação...
É incrível como essa espécie brota do chão...
É uma praga, um aleijão...

Enfim, bola para frente!
O jogo continua.
É a vida que se insinua,
Em sua forma mais contundente.
Eu estava me contrariando,
Estava me forçando.

Um pouco por necessidade,
Muito pela amizade.
Levo algumas boas recordações,
Gigantescas decepções.
De novo, estava no lugar errado.
Fui bastante descuidado.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Declaração de Intenção



Agradar-me-ia:
Nunca mais ter que gritar.
Nunca mais ter que brigar.
Não ter o que desmascarar,
Não ter, nunca mais, que me violentar!

Evito ao máximo, o atrito:
Todo e qualquer tipo de conflito.
Mas, não sou um iluminado.
Sou, apenas, um homem esforçado.

Tenho por objetivo, a tranquilidade
Da luminosidade.
Meu instrumento é a poesia,
Minha meta é a harmonia.

A mais alta que eu alcançar,
A mais plena que eu desenhar,
A mais perfeita que eu conseguir...
Aquela,
Que em frente a ela,
Seja impossível não sorrir.

Sou um operário do universo,
Em busca do mais puro verso.
Estou obstinado.
Internamente motivado.
Sinto-me muito bem intencionado,
Além de, constantemente inspirado.

Agradar-me-ia:
Permanecer, para sempre, no meu lugar,
A interpretar.
A intuir,
A contribuir...
A criar,
A Amar!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Deixe Estar



Estava aqui pensando,
Calmamente, analisando...
Parece que a maré está virando,
Está quebrando
A meu favor...
Dou graças ao Senhor!

Ou será que fui eu que me virei,
E, conscientemente me foquei?
Resolvi reunir minhas forças
E dispensar essas múltiplas formas de forcas.
Cobrei de mim,
Um melhor acabamento para esse fim.

Tirei os tapetes,
Ajustei os soquetes,
Troquei a fiação,
Mudei a hidráulica instalação.
Pintei a casa por dentro.
Ordens vindas do meu centro!

Ou será, ainda, que só estou fazendo isso tudo,
Porque a maré trouxe um novo impulso,
Uma nova motivação,
Para a antiga e aposentada rebelião?
Pode vir dela essa adolescente disposição,
De rejeição a toda forma de escravidão!

Seja qual for sua origem,
Varreu-me toda a fuligem,
Toda a poeira,
Acumulada na velha esteira...
Nada ficou no lugar,
Da,í a obrigatoriedade de recomeçar.

Sei que dei voltas desnecessárias,
Tomei decisões arbitrárias.
Fui longe demais,
Demoli todas as particulares catedrais.
Mas, o incomensurável aprendizado,
Em meu íntimo, para sempre, está gravado.

Por isso, agora,
O que, um pouco, me incomoda,
É uma discreta, mas permanente,
Além, de bastante arguente,
Ansiedade,
Em vivenciar a minha baianidade.