segunda-feira, 15 de março de 2010

Bem Altas




Apesar do apertado do momento,
De algum abatimento,
De uma pequena apreensão no peito,
Das ausências no leito...
Da rebelião climática,
Da instabilidade ampla e bombástica,
Da racionalidade elástica,
Da fraudulenta estática...

De tudo que me incomoda,
Do peso que me amarrota,
De alguma culpa,
De considerável luta...
De fiel insegurança,
De desconfiar da balança,
De ter cicatrizes pelo corpo inteiro,
De ter mudado completamente o roteiro:

Está vivo em mim o menino,
Que se encanta com o poder do sino...
Que tem sempre pronto o sorrir,
Mas, que gosta mesmo é de fazer rir...
Que está sempre a cantar
E a gostar...
Que é inacreditavelmente puro!
... Acredita no mundo!

Nada que vivi,
Nem o tormento que, intimamente, conheci,
Muito menos as traições,
Ou as escandalosas decepções,
Fizeram-me desistir
E outro rumo seguir.
Ao contrário: estou mais convicto
No superior destino!

Mantenho erguidas bem altas, todas as minhas bandeiras.
Ainda que escorreguem todas as rodoviárias barreiras;
Que eu role por espetaculares ribanceiras,
Continuarei me dirigindo às cabeceiras,
Às nascentes,
Virado para o poente,
Respirando fundo,
Validando o que me é mais profundo.

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