quarta-feira, 31 de março de 2010

Cúmplice do Universo



Ter sempre à mão, boas sementes,
É mais que prudente,
É inteligente,
Plenamente coerente.
Afinal, nunca se sabe quando encontraremos
O gesto cálido,
O solo ávido,
Que, incondicionalmente, germinaremos.

Ato de pura entrega,
Aprendizado de serra...
Futurista ótica,
Incumbência cósmica...
Gravada no âmago,
Centelha de ânimo,
Que alinha
E afina!

Proporcionar a fagulha,
Colocar a linha, bem próxima da agulha...
Soprar, no ouvido, o alento,
Que o desengonçado vento,
Perdeu pelo caminho,
Enquanto sonhava com o ninho...
Todo enfeitado,
De amor bem amado.

O grão bem plantado,
Nunca se verá desperdiçado.
Poderá tardar a aparecer,
A crescer,
A enverdecer.
Mas, fatalmente,
Inelutavelmente,
Irá florescer.

O futuro, através do tempo,
Trará a notícia do amadurecimento,
Em forma de explosão de contentamento...
Multicolorido!
Escolhido...
Muito bem quisto,
Jamais visto!

Talvez,
Apenas talvez,
Intuído!
Em afeição, concebido!



Esse texto é presente de aniversário para minha maior incentivadora, desde que desandei a escrever. Ajudou também a escolher os textos para meu primeiro livro, a ser lançado, além de fazer a minuciosa revisão. Minha amiga/irmã de incandescente luz: Marilene Rangel Plessier!

terça-feira, 30 de março de 2010

De La Mancha II



Tomei coragem!
Enfrentei
E derrubei
Mais um moinho,
Que estava no meu caminho,
Desde sempre...
Incomodando, rente!
Tamanho descomunal...
Rugido bestial!
Terrível visagem...

Quando cheguei perto,
Armado apenas, com o meu certo,
Vi que ele foi se encolhendo.
Foi se recolhendo
E desapareceu...
No rastro de breu,
Deixado pelo medo,
Em seu absurdo enredo,
Antes de ser expulso
Do meu pulso...

Sinto um orgulho quixotesco.
Acredito um pouco mais, no meu arabesco!
Sei que será para sempre assim:
Desbravando até o fim
Os peitos áridos,
Os sonhos mais ávidos.
Quero que se acenda a luminosidade
De toda a humanidade.
Ao invés do desastre,
Acredito na vitória avassaladora da Arte.

Ah! Vai ser lindo, quando estivermos todos despertos,
Caminhando de mãos dadas, semeando todos os desertos.
Pacificados,
Serenizados,
Bem resolvidos,
Com todos os sentidos desenvolvidos.
Envoltos numa névoa dourada,
Suavemente perfumada.
Sonho extremo!
Desejo Supremo!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Das Flores Altas




Ai! O que seria de mim, sem a fantasia?
Como enfrentaria esse dia,
Vestido de gosto amargo,
Sem espasmos,
Só retalhos
De idealizados traços...

Mas ela existe. É generosa.
A meu favor, tendenciosa...
Tem sempre pronto um banho dourado,
Para amenizar os percalços,
Maus tratos,
Incautos...

Seu colo maternal
Retira-me da atualidade,
- Esse exercício brutal –
E me faz sonhar com possibilidades
Esperançosas,
Viçosas...
Vestida de grinaldas,
Das flores mais altas.

Ela me tira da realidade,
Com suas sementes perdidas,
Absurdamente esquecidas,
Em meio à mediocridade.
São as sobreviventes,
Desse momento demente...
As que escolhem a pedra para crescer
E, revolucionariamente florescer.

Sem a fantasia,
Que povoa minha alegoria,
Não teria metas.
Desonraria minhas regras,
Correria às cegas.
Curvaria nas retas,
Ignoraria todas as setas.
Envenenaria as adegas...

Sem ela, cambalearia
Entristeceria,
E me perderia...
Não mais intercederia,
Desabaria,
Sufocaria,
Não mais escreveria,
Enlouqueceria...
Não mais existiria.

domingo, 28 de março de 2010

Cuidado: Dor no Início!





É difícil imaginar o tamanho da dor alheia,
Até porque, ela, camuflada, serpenteia.
Não dá para ter a exata noção,
A precisa dimensão,
Do sofrimento do outro,
Ainda que se cave feito louco.

O problema começa por julgarmos a situação,
Sobre os nossos parâmetros, velhos conhecidos.
Imaginamo-nos no lugar da pessoa,
Com a nossa razão,
Com os nossos sentidos
E proferimos o veredicto,
Sob o nosso juízo!
- Operação à toa –

O que, para nós, pode parecer nada,
Ao outro, pode ser uma tortuosa escalada.
Nosso conhecimento do assunto é sempre parcial.
Ao outro que está vivendo,
Que está, honestamente sofrendo,
Pode ser, realmente, algo acima do passional,
Um entalhe fundamental,
Uma falta descomunal...

Irrita-me, por vezes, ouvir o discurso
Dos que querem, “com jeitinho”, mudar o curso
De um acontecimento,
Que causou incontestável sofrimento.
Normalmente, atacam com clichês insuportáveis,
Com frases feitas intoleráveis,
Tudo para “levantar” a pessoa atingida,
Como se a essa, não fosse permitido, sentir-se abatida.

Chegam com tapinhas nas costas,
Com conselhos inaplicáveis, em postas...
Sem disposição alguma para ouvir,
Porque já estão com um pré-julgamento
E não vão abrir mão do seu argumento.
“Estou falando para o seu bem”!
“Isso não é nada”!
“Logo você estará dando risada”!
“Você já passou por coisas piores”!
“Sei, que você é forte”!
“Você tem que reagir”!
“Tem que se superar e ir além”!

Não, que essas máximas, sejam inválidas.
Ao contrário, são de uma sabedoria máxima.
O que contesto é o momento a serem aplicadas.
Num primeiro momento
De mortal abatimento,
Se ouvidas, serão, indubitavelmente, ignoradas...

Querendo acelerar a cura em seu processo,
Acabam causando um retrocesso...
Por antecipar a retirada do curativo,
Codificando o incômodo, no diminutivo.

Para, efetivamente,
E não, egoisticamente,
Ajudar,
É primordial respeitar.

Em muitos casos, só o desabafar, sem julgamento,
Já ameniza o abatimento.

sábado, 27 de março de 2010

Dádiva


Uma das mais belas manifestações é a sensibilidade.
É o melhor acabamento para a vida.
Tapete mágico na subida...
Catapulta a mente,
Para um lugar acolhedoramente quente.
Inquestionavelmente seguro.
A redenção do mundo!
O maior diamante da humanidade.

Sem ela não há graça,
A sanidade escapa...
A visão embaça,
A aspereza atraca!
O bom senso desanda...
A personalidade descamba.
A existência empobrece.
O universo entristece...

O ego enrijece,
A paz desaparece.
O caminhar fica confuso...
O argumento obtuso!
Aumentam os obstáculos,
Emergem os tentáculos,
Falham os oráculos.
Emudecem os espetáculos.

O seu espaço
É um abraço...
Seu solo
Possui as propriedades do maternal colo.
Não pode ser desviada,
Muito menos deturpada...
É bem clara sua missão:
Fecundar o chão.

Fortaleza disfarçada de fragilidade!
Incomparável fragrância,
A mais importante instância.
Fantástica plasticidade!
Via principal da evolução.
Perfeita canção!
Ela é de uma beleza...
Incansável surpresa!

Delicadeza impávida,
Ávida!
...Dádiva...!


Esse texto é presente de aniversário para minha amiga,
Patrícia Fajreldines.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Da Maior Relevância




Os primeiros instantes de cada acontecimento,
Detêm o poder do arrebatamento.

Assim o é, com o amanhecer.
Ali está contido
Do dia, o destino.
Através das primeiras movimentações,
Com suas respectivas sensações,
É possível vislumbrar
Os apelos mais caros,
Ocultos nos intervalos...
Nos sulcos,
Nos vultos.

Nos espaços vazios,
Repousam os mais contundentes arrepios!

É assim, com as primeiras notas da canção.
Aquelas, que nem sempre chamam a atenção,
Mas, que abrem caminho ao tema,
Com seu emblema;
À mensagem,
Com seu convite à paisagem;
À melodia,
Já denunciando a harmonia;
Prenunciando a possível sintonia,
Com o enlevo que se anuncia!

Também é assim, com os primeiros versos da poesia,
Que segredam os elementos da alquimia,
As trilhas que serão percorridas,
Pelas palavras escolhidas.
Nesses instantes iniciais,
Perigosamente abissais,
Com possibilidades infinitas,
Provocadoramente irrestritas,
Estão desenhados os argumentos,
Que provocarão os sentimentos.

O que dizer dos primeiros instantes da paixão?
Essa afetiva revolução,
Que a tudo desacata,
Desamarra,
Liberta,
Mas, sempre desconcerta...
A raiz da planta,
Que tratada, encanta...
A força motriz,
Dessa ensandecida matriz!

Os primeiros instantes
Não são, apenas, importantes.
São determinantes,
Preponderantes,
Por demais, relevantes.
Absurdamente impactantes!
Como todo começo,
Quer ser muito bem tratado,
Com delicadeza e cuidado.
Precisa ser encarado com zelo
E muito, muito apreço!


quinta-feira, 25 de março de 2010

Cria da Serra



Claro que alguns fatos traumatizaram-me,
Profundamente,
Marcaram-me
Eternamente...
Mas, nem por isso fico mostrando as marcas,
Ostentando-as, como se fossem taras...
Tento viver da melhor forma possível,
Sem, entretanto, mascarar uma situação,
Falsificar uma posição.
Resguardo-me o direito a ser sensível.
Pago o preço devido.
Sem me sentir invertido...

Sigo meu ritmo.
Respeito meus signos.
Sei o que me devora,
O que apavora,
O que me favorece,
O que prevalece.
Tenho a meu favor,
Ter sobrevivido à dor
De ter, os principais sonhos destroçados,
Milimetricamente, despedaçados...
E ainda assim,
Ter até hoje, a disposição de caprichar no fim.

Os pontos finais soam-me como recomeços,
Como novas oportunidades de partida.
Neles é que me aqueço,
Para a próxima significativa conquista.
Especializei-me em desafios.
Não sei viver fora do estreito fio.
Desconheço o firme da terra.
Sou cria da serra.
Sei que sou estranho.
Não sei meu tamanho...
Nem quero saber!
Sei que tenho que crescer...

A extensão da trilha,
A dimensão da bilha,
Sou eu que defino,
À medida que me afino,
Com o que há de mais fino...
O mais apurado,
O verso encantado!
Está chegando o momento,
Em que a plenitude do alumbramento,
Vai fazer soar meu sino,
No compasso da inspiração,
Que assola minha concepção.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Convicção



Que me perdoem os amantes da tristeza e da nostalgia,
Mas eu me inspiro mesmo é na alegria,
Na luz do dia.

Não gosto de ter a companhia do sofrimento.
Detesto: tanto sofrer,
Quanto ver outro se abater.
Tenho sérias dúvidas, quanto a essa forma de crescimento.

Eu me sinto muito mais vivo,
Mais intuitivo,
Mais ativo
E, principalmente mais produtivo,
Quanto estou no colo da tranquilidade,
Sendo embalado por ondas de felicidade...
Alvas,
Calmas,
Relevantes,
Até instigantes...

Tenho a convicção de que, quando estou bem,
Estou conectado com o melhor do além...
Vem-me aquela sensação de lar,
Parece até que fica mais interessante respirar...
O tédio desaparece,
A revolta se esquece...
Evaporam todas as carências,
Na presença dessa superior cadência.
É uma consequência
Do trabalho com a consciência,
De quem sempre contestou o estabelecido,
Por absoluta falta de sentido.

É enorme o prazer de ver alguém,
Holisticamente bem!
Acredito que é um direito coletivo,
Imperativo,
Que está parcialmente escondido
Pela material ambição,
- Leia-se decepção –
Pior que todas as pragas bíblicas.
Suas estradas, não pavimentadas, são críticas,
Crivadas de cruzes,
Privadas de luzes!

Quando vejo alguém emergir dessa areia movediça,
Penso, simplesmente, que se fez justiça.

A Escola de Samba Tudo Pelo Numerário,
Há de seguir seu itinerário
E deixar livre a pista,
Para o próximo ponto de vista...
Virá com o Grêmio Recreativo Unidos da Harmonia,
A revelação da celestial fidalguia!

terça-feira, 23 de março de 2010

Comece Bem



Acorde com a convicção de que hoje será o dia!
A grande oportunidade de exercitar
E, indiscriminadamente espalhar
A sua alegria!

Seja mais que positivo,
Seja incisivo.
Isso pode ser mais que decisivo,
Para se materializar o que está escrito.

Escancare todas as janelas.
Cumprimente as flores amarelas.
Respire calmamente,
Profundamente.

Nem olhe para os lados da tristeza.
Tome como exemplo, a natureza,
Que já acorda exuberante,
Esbanjando vida em seu semblante.

Faça arranjos vocais com os passarinhos.
Acompanhe o sol surgindo de mansinho,
Clareando o céu.
Rasgue seu véu...

Brinque com os filhos.
Lustre os trilhos...
Acredite na possibilidade,
Que vem com toda novidade.

Sorria logo cedo,
Para validar esse enredo,
Cheio de magia
E de harmonia.

Traga para o seu rosto
O mais adequado gosto:
- O da simpatia –
Base de qualquer alegoria.

Começar bem,
Torna o caminho afeiçoado.
É o sonho, como quer ser sonhado.
Proporciona ir além...

Atrai as mais construtivas
E curativas
Energias.
Sustenta toda a alquimia.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Positivo e Operante




Tenho sempre fé no próximo movimento.
Acredito que puxará um bom momento.
A sequência anterior e tenebrosa,
Com suas consequências escabrosas,
Inspiraram-me essa crença,
De apostar na melhora, ao final da sentença.

Cedo ou tarde, amanhecerá.
O mangue florescerá,
Com fome acumulada
E beleza aprimorada.
Algo nunca visto,
Nem intuído.

A noite prolongada,
Torturantemente amargurada,
Só fez lapidar
A energia que vai raiar,
Impunemente,
Ousadamente!

Houve tempo suficiente,
Para transmutar o abatimento
Em sementes
De crescimento;
Para diluir ressentimentos,
Para aprimorar os ornamentos.

A interminável madrugada,
Manteve iluminadas,
Todas as falhas,
Os buracos nas calhas,
O pó nos desvãos,
Os adoecidos grãos.

A faxina foi inevitável,
Absolutamente inegociável.
A estrutura estava comprometida,
De tão atingida.
Fiz uma restauração,
Digna de reinauguração!

Desvirei a moeda.
Reposicionei a meta,
Para continuar o mesmo:
Musicalmente,
Poeticamente,
Apaixonado pelo enredo.

domingo, 21 de março de 2010

Rumo à Cobertura


Já estou indo para a cobertura de mim mesmo.

Meu lugar preferido
E devido!

De onde entendo bem melhor o meu termo.

Fui obrigado a descer,
Para assuntos mundanos e desagradáveis, resolver.
Claro, que não foi possível isso acontecer,
Sem eu, mortalmente me aborrecer.

Mas passou!
Acabou!
Ainda bem!
Estou subindo com um gás além...
Não pretendo descer tão cedo.
Não é que tenha medo.

É que me é improdutivo.
Impeditivo...
Fico tão deslocado,
Quanto incapacitado...
Não tenho mais tempo a perder.
Há muito que ascender!
O alto
É meu palco.

Onde sou eu mesmo,
Onde escapo dos tropeços.
Onde posso realmente, contribuir,
Posso proporcionar o evoluir.
Sei que a atualidade,
Com sua banalidade,
Puxa para baixo a todos,
Que ousam levantar os rostos.
Mas não vou mais me distrair.
Tenho fome de prosseguir.

É que há tanto para escrever,
Tanto para perceber,
Que me abalo,
Quando penso, que me atraso.
Mas, isso também é corrigível,
Para alguém tão disponível
À imensidão,
De todo o coração,
Com toda a inspiração
E devoção,
Para a consagração
Da evolução.

sábado, 20 de março de 2010

Ciclone Poético




Gostaria que o tempo que ainda tenho,
Desejo no qual, explicitamente me empenho,
Fosse assim como um ciclone,
Só que positivo,
Calmo,
Onde todos se encontrassem a salvo.

Ou seja: por onde passasse,
Implacavelmente arrasasse
Com o destrutivo,
Com o abusivo,
Com o enganoso,
Com o, desnecessariamente penoso.

Munido apenas, pela própria luminosidade,
Atingiria até aos cantos mais obscuros das cidades,
Livrando-as de todos os enganos,
Tornando seus habitantes,
Ainda retumbantes replicantes,
Em soberanos!

... Algo que se alimentasse,
Com a tranquilidade que espalhasse,
Através do conhecimento,
Contido nos sentimentos
De cada verso;
No relato poético de cada reverso.

Ventos rimados,
Naturalmente perfumados,
Varreriam a ilusão
Da materialidade.
Esparramariam inspiração
E sensibilidade.

Uma chuva morna, aconchegante,
Lavaria tudo que fosse relutante...
Tudo que não se garantisse,
Tudo que não se permitisse...
Germinando as melhores sementes:
As persistentes...
As mais resistentes,
Exatamente por serem consistentes.
Aquelas que carregam em seu ventre
A potencialidade,
As possibilidades
Do próximo nascente!

Gostaria de ser portador
Da enriquecedora,
Da enternecedora
Dádiva,
Ávida,
De emanar harmonia,
Através da alegria,

Vestida em poesia.


Esse texto foi inspirado como presente de aniversário para a insubstituível Conceição, que aniversaria junto com sua alter ego Regina Mara Barbosa!


sexta-feira, 19 de março de 2010

Por Deus, Cadê o Maquinista?


Não sou um patético desequilibrado,
Ou, um imaturo mimado.
Acontece, que estou grotescamente incomodado.
Sinto-me minado!
Já não me incomodaria de ter que esperar,
Se parasse de apanhar...
Dia
Após dia...


O trem não partiu
E me feriu!

Mais um desassossego...
Mais uma engolida em seco!

Após uma tarde em desespero,
Nu em pelo,
Nos domínios do sofrimento,
No final da noite, encontrei algum acolhimento...

Amparei-me no canto de Bethânia,
Com sua incomparável relevância,
Para voltar para mim,
Para me dizer: sim!

Um acúmulo absurdo de constrangimentos,
Demoliu com meu alinhamento.
Fui ao chão
E escorreguei para o porão,
Para o subsolo da dor,
Onde estão guardados os panos sem cor.

Quase sufoquei
De tanto que me debati,
De tanto que me combati,
De tanto que chorei...
Recolhi-me,
Encolhi-me...

Fui para dentro,
Em busca do centro,
Para suportar a tortura
Da amargura
De querer gritar,
Mas ter que calar...

Ter que me comportar,
Para não incomodar
Os que não me vêem,
Por não se terem...
Estou farto
Desse barco!

Sem lastro,
Sem mastro...
Ultrapassei o limite do suportável...
Beiro o inapelável!
Mas o dia acabou
E o peito suportou...

Bravamente,
Gloriosamente,
Persistentemente,
Conscientemente,
Corajosamente,
Bethanianamente!

De volta ao meu primeiro andar,
Só penso em me recuperar,
De mais esse desastre,
De tanto desgaste...
Música e poesia,
Hão de me devolver à harmonia.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Cadê o Maquinista?



Estou mastigando a espera,
Percorrendo sua esfera,
Demoradamente,
Antropofagicamente!

Sua presença sempre me atormentou,
Ostensivamente, me incomodou.
Ulcerou-me,
Lacerou-me,
Com sua seiva pegajosa,
Em sua teia enganosa...

Mudou! Agora,
Sou eu quem devora,
Cada minuto,
Todos os segundos,
Com a indelicadeza de descobridor,
Com a fome do explorador,
Com a paciência do garimpeiro,
Hei de consumi-la por inteiro.

Vou apagar sua existência,
Aniquilá-la desde a consequência...
Essa foi sua última invasão,
Veio na contramão,
Colidindo comigo,
Em múltiplos sentidos...
No momento banqueteio-me com suas entranhas,
Com suas sílabas mais estranhas...
Para nunca mais na minha vida,
Ferir-me com sua flechada incontida.

Nasci pronto!
Ter que esperar, me deixa tonto.
Pra que essa velocidade tão lenta?
Minha intensidade não aguenta:
Grita,
Incita,
Engorda,
Entorta...
Tem gana de roubar o bastão,
De vaiar a vastidão...
De deixar registrada uma reclamação,
Com o chefe da seção!

Ainda bem que esse trem velho, começou a andar...
Estava a me sufocar!

quarta-feira, 17 de março de 2010

E Agora?




A mãe que acorrenta o filho,
Mediante o desespero,
Do putrefato enredo
Do crack,
É o retrato do desastre,
A prova cabal que a vida saiu do trilho.

Que estranho sentimento é esse que arrefece,
Espanca...
Sangria que não estanca.
O que mais ela faria se pudesse?
Daria voltas em volta do planeta,
Para livrar-se da certeza,
Da iminência,
Da indecência
De perder a cria,
Para a assassina porcaria.

Ajuda, procurou.
Não encontrou...
O filho cada vez mais escravizado,
Cada vez mais animalizado.
O infortúnio se aconchegando,
Agressivamente se transformando
Em leito,
Para o seu descompassado peito.
Ela sabe que a esmagadora maioria fracassa.
Essa droga, especificamente, arregaça.

Algo precisa ser feito.
Procura, desesperadamente, um jeito...
Todo mundo fala que há saída para tudo.
Busca, pensa. Pensa muito.
Ele está cada vez pior,
Destruindo tudo ao redor.
Mas, ela olha e ainda o vê ao fundo.
Busca-o no mais profundo.
A chama materna que nela ainda arde,
Assegura-lhe que, ainda não é tarde.

Já não há mais diálogo possível.
Qualquer postura pode ser destrutível.
Acuada,
Desesperada.
Resolve apelar
E o filho, acorrentar.
Passa dias sem sair do lado,
Sem arredar o passo.
Assiste a tudo,
Que há de mais degradante no mundo.

Ao contrário da maioria das famílias,
Que rejeita e abandona o filho drogado.
Ela abriu na marra a sua trilha.
Talvez, apostando num restinho de força interior,
Que ainda possa haver no menino,
Desafia as leis e o destino,
Privando-o de qualquer possibilidade,
Da fatalidade,
De um contato com o exterior.
Mantendo-o literalmente acorrentado,
Mas, permanecendo irredutivelmente, ao seu lado.

Cuidando-o,
Velando-o!

Até a chegada da polícia!

Bravamente




Vejo pessoas tão desprovidas de recursos,
Que, muito me admira não perderem o rumo...
Encaro esse tipo de sobrevivência,
Uma prova de um tipo específico de resistência.

A do analfabeto,
Do sem-teto,
Do ignorante,
Do suplicante,
Do crédulo,
Do sofrimento perpétuo...

Com absoluta ausência dos fundamentais conhecimentos,
Essas pessoas atravessam os piores tormentos...
Infindáveis,
Incontáveis,
Ininterruptos,
Num padecimento surdo...
Algumas, desastrosamente,
Outras, bravamente.

Há ainda aquelas que passam por tudo com galhardia,
Mergulhadas em simpatia.
Desafiam as estatísticas,
Embaralham as logísticas...
Seguem de cabeça erguida,
Em meio à multidão perdida,
Rumo à dignidade,
Que lhes prometeu a sociedade.
Não têm tempo para sofrer,
Preferem tentar crescer.

Sentem um verdadeiro prazer
Em viver!
Passam quase despercebidas.
São tímidas...
Têm um brilho no olhar,
Uma determinação no andar...
Não se deixam influenciar pela televisão,
Nem por qualquer aleijão...
Têm contato direto,
Com o dono do projeto!
Não querem alarde,
Preferem a brisa fresca da tarde.

Não querem confusão,
Querem, apenas, terminar a própria canção.

terça-feira, 16 de março de 2010

Bom Tempo




Pegue leve!
A vida é breve!

Cuidado com essa sede,
Não vá balançar demais e cair da rede...
Seja mais atencioso.

Deixe de ser preguiçoso.
Reavalie seus desejos,
Para ver se estão de acordo com o enredo.

Veja quantos colegas podem se tornar amigos.
Procure em tudo: o sentido.
Seja bem mais generoso.

Perceba o vento auspicioso...
Dilate o seu pulmão.
Dilua a mágoa.

Flua com a água...
Expanda a visão!
Descarte a solidão.

Abuse da reflexão...
Abra, de uma vez por todas, essa sua cabeça.
Detone com todas as superficiais sentenças.

Ria muito,
É bom para o mundo.
Provoque sorrisos.

Perca, um pouco, esse seu abominável juízo.
Estenda a mão.
Lembre-se sempre de reverenciar ao chão.

Reconheça a ilusão.
Diminua as poses...
Ah! São tantas cores...

Livre-se dessas dores.
Por Deus, prove outros sabores...
Deixe de se lamentar...

Trate de se aprumar.
Desista dos julgamentos;
São todos aprisionamentos.

Contribua continuamente com a felicidade alheia.
É bem macia essa esteira...
Levante já dessa cadeira!

Agradeça à brisa primeira.
Esqueça o cansaço,
Abra bem os braços...

Não recolha,
Acolha!
Arme-se de bom senso.

Construa um bom tempo.
Não se esqueça de acordar.

O imprescindível mesmo... é Amar!!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Bem Altas




Apesar do apertado do momento,
De algum abatimento,
De uma pequena apreensão no peito,
Das ausências no leito...
Da rebelião climática,
Da instabilidade ampla e bombástica,
Da racionalidade elástica,
Da fraudulenta estática...

De tudo que me incomoda,
Do peso que me amarrota,
De alguma culpa,
De considerável luta...
De fiel insegurança,
De desconfiar da balança,
De ter cicatrizes pelo corpo inteiro,
De ter mudado completamente o roteiro:

Está vivo em mim o menino,
Que se encanta com o poder do sino...
Que tem sempre pronto o sorrir,
Mas, que gosta mesmo é de fazer rir...
Que está sempre a cantar
E a gostar...
Que é inacreditavelmente puro!
... Acredita no mundo!

Nada que vivi,
Nem o tormento que, intimamente, conheci,
Muito menos as traições,
Ou as escandalosas decepções,
Fizeram-me desistir
E outro rumo seguir.
Ao contrário: estou mais convicto
No superior destino!

Mantenho erguidas bem altas, todas as minhas bandeiras.
Ainda que escorreguem todas as rodoviárias barreiras;
Que eu role por espetaculares ribanceiras,
Continuarei me dirigindo às cabeceiras,
Às nascentes,
Virado para o poente,
Respirando fundo,
Validando o que me é mais profundo.

domingo, 14 de março de 2010

Básico



Tenho tomado certos cuidados comigo,
Para não perder tão vertiginosamente, o juízo...

Não assisto dramas.
Eu mesmo faço minha cama.
Procuro sempre a alegria que inflama.
Tenho um profundo respeito por todas as damas.

Ignoro provocações,
Busco as melhores sensações.
Engulo sem mastigar, as acusações.
Presto muita atenção às condições...

Conjugo em todas as pessoas, o verbo respeitar.
Gosto de ver o sol raiar.
Reverencio a natureza,
A incontestável certeza!

Evito todo e qualquer contato com a violência,
Com a decadência,
Com a falsidade,
Com a horripilante mediocridade...

Procuro o que me relaxe,
Que encaixe...
Que me alegre,
Que me eleve!

Estou atento à minha polaridade,
Mantendo-a na positividade.
Para mim, não é um sacrifício,
Pois faço isso, exercendo meu ofício.

É inquebrável o que sinto pela luminosidade.
É mais que uma necessidade...
É um retorno
Ao núcleo do conforto.

Sinto-me muitíssimo bem acompanhado,
Claramente orientado,
Em vários níveis...
... Os mais sensíveis!

sábado, 13 de março de 2010

Batalha Épica




Ao abrir a janela um susto:
Cenário de fim do mundo.
No céu, um laranja atômico
Lutava para aparecer sobre um cinza atônito.

O vento furioso tentava aplacar a briga.
O dia indeciso, assustado, aguardava o final da intriga.
O laranja foi se intensificando
À medida que foi perdendo espaço,
Recolhendo seus braços.
Parecia que estava sufocando.

Não sei precisar o tempo que fiquei ali parado,
Completamente imobilizado,
Conscientemente hipnotizado!
Confortavelmente embasbacado...
Perdi a noção do meu corpo.
Era admiração o que se via em meu rosto.

Um espetáculo tão estrondoso,
Quanto silencioso.
A coreografia das energias,
Sob a natural sinfonia...
Absurdamente autêntico,
Esplêndido.

Sim, um pouco assustador,
Mas, terrivelmente, sedutor...
Impossível não se inspirar,
Não se alterar o respirar...
Uma força constrangedora,
Uma beleza avassaladora...

Depois de brava resistência,
De muita insistência,
O laranja cedeu,
Aquiesceu,
Transformou-se em cinza...
Sucumbiu por detrás da escura cortina.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Bandeja de Brigadeiros


Em nenhum momento houve arrependimento,

Das escolhas feitas pela minha honestidade.

Nenhum abatimento,

Por esse traço tão forte da personalidade.




A minha guerra contra a mentira é de público domínio.

Sonho com seu total extermínio.

Faço longos discursos a favor da sinceridade,

Do favorecimento à autenticidade.




Venho colecionando frutos saborosos,

Pelos meus atos verdadeiros e corajosos.

Venho sendo, gratificantemente surpreendido...

Mãos inesperadas têm me compreendido.




Tenho a honra de despertar confiança,

Nesses tempos de desesperança;

Onde irmão passa por cima,

Trai,

Contrai...

Engana,

Trama,

Aniquila

O irmão...




Nesses momentos de aflição,

De global desilusão,

Onde os valores

Embriagaram-se de estranhos licores,

Apodrecidos pelo capitalismo,

- Leia-se canibalismo! –

Ter reconhecido os ditames do coração,

É uma glória,

Para se colocar em destaque na memória.


Ter conseguido crédito ético,

Em meio a esse desmoronamento estético,

É mais que sensacional...

É um prêmio,

Que coroa todo o meu empenho,

Em ser verdadeiro.


...Uma bandeja lotada de brigadeiros...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Aventura



Chegue mais perto.
Vou tirar você desse deserto.

Olhe nos meus olhos, demoradamente,
Profundamente,
Deixe o azul se misturar com o castanho.
Ah! Esse desejo tamanho...
Permita que nossas retinas se entrelacem,
Que se abracem
E caminhem de mãos dadas,
Pela sinceridade, acompanhadas.

Vem pra dentro de mim!
Perceba as delícias do sim...

Vou lhe ensinar a relaxar.
Segure minha mão.
Existe algo a lhe esperar...
Despeça-se da solidão.
Você provará o sabor incomparável
Da cumplicidade!
Quero lhe provar o valor inestimável
De exercitar a afetividade.

Permita que seu corpo se expresse,
Não o conteste.

Não tire os olhos de mim.
Não tema os próximos passos.
Confie em meus braços.
Faça do meu peito,
O sonhado leito...
Extrairei todos os seus espinhos.
São seus, todos os meus carinhos...
Fique assim!

Será mágico,
Ávido!

Já nos é inevitável.
Há de ser inimitável!
Histórico,
Antológico.
Quero lhe mostrar
O prazer de se encontrar,
Para depois se entregar
À dádiva de voar...

Estou lhe oferecendo a grande aventura,
Que é interagir com a altura!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Autocontrole



Quando se consegue um mínimo de domínio sobre si mesmo,
Domando literalmente, a tendência dos instintos,
A sensação é a de dar um bom acabamento ao enredo.
Ouve-se, em contentamento, o badalar dos internos sinos.
Surge certo regozijo, por não se ter recorrido à aspereza.
A consequência é uma confortadora leveza,
Uma paz interior,
Por ter sobrevivido às intempéries do exterior.

É a vitória do racional,
Sobre o inconsequente passional.
Frear a reação automática,
Criando uma espécie de interna estática,
Para que a mente tenha tempo de raciocinar
E escolher o melhor rumo a tomar,
Demonstra sabedoria.
Aumenta e qualifica sensivelmente a energia.

Não é lá muito fácil, não!
Mas vale a pena fugir do apagão,
Que causam as contrariedades,
Sobre a frágil racionalidade.
Quantas vezes aparece o arrependimento,
Logo depois do “calor do momento”.
Quantas vezes, se o tempo pudesse voltar,
Não se modificaria a decisão a se tomar...

Então, para não se arrepender,
O melhor é tentar conter,
Os impulsos ditos naturais,
Para não se causar estragos sensacionais.
Uma decisão acalorada
Pode desencadear um processo de derrocada,
Muitas vezes irreversível,
Gerando uma culpa terrível.

No calor da emoção,
É necessário redobrar a atenção,
Antes de tomar uma equivocada decisão
E piorar ainda mais a situação.
Bom mesmo é esperar os ânimos se acalmarem,
Os nervos relaxarem,
Para voltar à questão,
Com uma mais adequada visão.

Nesse quesito, somos testados todos os dias,
Com os acordes dissonantes da atual sinfonia...
Estou certo que está bastante complicado,
Existir nesse momento tão conturbado,
Tão amalucado,
Tão delicado.
Por isso mesmo temos que nos esmerar,
Para não deixar o bom senso escapar.

terça-feira, 9 de março de 2010

Antes do Salto



O que salva, é a proximidade da mudança.
Há de equilibrar essa balança,
Tanto tempo pendida para as dificuldades,
Finalmente se equilibrará.
A favor das facilidades,
Um pouco, tenderá,
Para compensar perdas e danos,
A coleção brega de desenganos...

Enquanto isso, trilho os últimos passos,
Já esgotados
De tão cansados...
À beira do embaraço!
Sem poder evitá-los,
Tento superá-los,
Com relativa boa vontade
E uma suspeita tranquilidade.

Sempre ouvi que o problema é não se saber o que quer.
Eu, como sempre soube o que quis
E porque quis,
Enfrentei a situação oposta: saber o que se quer,
E ter que esperar,
Pacientemente aguardar,
Pela concretização,
Do que há muito se instalou no coração.

Fui condecorado com novas cicatrizes.
Não deixo raízes.
O meu legado e todo feito
Por mudas de afeto,
Que semeei em todos os tetos,
Que habitaram em meu peito;
Em todas as palmas,
Que toquei com minha alma!

Nada me prende aqui.
Está na hora de subir,
De trocar de problemas,
De conhecer outros sistemas,
De conhecer outro povo,
Quem sabe, de me sentir mais novo...
De chegar mais perto do abismo
E ensaiar o último sorriso...

Antes de se apagarem as luzes do meu palco,
Antes do salto,
Para o mais alto!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Encanto de Beija-Flor



Desde o meu último amor,
A coisa mais sensacional que aconteceu na minha vida,
Juro-lhes com todo o meu ardor,
Foi ter me tornado Recantista.

O Recanto das letras avassalou a minha vida,
Suavizou a subida.
Deu-me coragem,
Para investigar a procedência,
A consistência,
A malemolência,
A essência
Dessa aragem...
Que nos perpassa
E devassa!

Ah! Esse magnífico,
Magnânimo
Ato de escrever!
Escrevendo, frutificar
E florescer!
Florescendo, semear.
Espalhar-se pelo ar feito perfume...
Delicadeza de vaga-lume!
Luminosidade,
Em plena espontaneidade.

A poesia atrai os mais doces beija-flores,
Em inéditas variações de cores.

Em ato inverso,
A cada verso,
Derramam seu mel!
Colméia do céu...

Vêm dispostos a ajudar,

A amparar,

A acreditar,

A abraçar.

Em nossas vidas são seres encantados.
Fazem de nós, autênticos privilegiados.
Incentivam-nos à subida.
Só nos proporcionam alegria.

Já falei de alguns deles em textos anteriores.
Esse é dedicado a um dos mais lindos beija-flores:
Arlete Canário – Através dela presto minha homenagem
A todas as mulheres, que viabilizam essa viagem,
Que é estar aqui de passagem,
Apreciando o bom dessa aragem.

domingo, 7 de março de 2010

Arriscar



Algumas pessoas, simplesmente, não conseguem
Quebrar regras.
Algo em seus interiores as impedem.
Elas seguem, tanto as erradas, como as certas.
Não reavaliam.
Cegamente, as validam.
Mesmo aquelas mais antigas,
Que não cabem mais na atual cantiga,
Devido à sua obsolência,
Elas as seguem com subserviência...

Muito do que aí está, não pode continuar,
Porque embolorou,
Estragou...
Não dá mais para se aplicar.
Já foi testado
E reprovado.
Causou sérios prejuízos
Em múltiplos sentidos.
Sufocou,
Castrou!

Concordo que precisamos estabelecer parâmetros para viver,
Mas eles não podem nos tolher.
Têm que propiciar o desenvolver,
O cósmico florescer.
Têm que ser apenas a base sobre a qual,
Será erguida a edificação individual.
Incomoda-me tudo que é imposto militarmente
E mais ainda, quem segue mecanicamente,
Sem fazer uso do fundamental bom senso,
Sem o qual, fragiliza-se qualquer argumento.

A vida é a arte da mutação.
Todo o estabelecido merece revisão.
Até porque foi criado muito mais para manipular,
Do que para auxiliar.
Existe para manter o gado unido,
Ruminando sua existência desprovida de sentido.
As pessoas teleguiadas
Sentem-se apavoradas
Sem as rédeas,
Sobre suas idéias...

Acreditam precisarem mesmo de externa orientação.
Desconhecem totalmente as possibilidades vindas da imensidão.
Vivem uma vida pequena, rasa.
Inutilizaram suas asas.
Não voam,
Apenas ressoam,
Como abafados ecos.
Não se sentem elos.
São rasteiras
E, irremediavelmente passageiras.

Já, os insubordinados,
Os que vivem alucinados
Pela riqueza do movimento,
Trazem no peito uma espécie de alumbramento...
São desbravadores,
Autênticos conquistadores.
Estão à frente do momento,
Têm libertários sentimentos.
Não se escravizam:
Arriscam!

sábado, 6 de março de 2010

Maiores


Existe algo que muito me apetecesse.
Com o qual minha alma se expande e cresce:
- O despojamento das pequenas gentilezas -
Enxergo nele um exemplo de pureza.
Nelas, estão as melhores sementes de esperança,
Que hão de decidir a balança!

São momentos que conservo carinhosamente,
Cuidadosamente,
No arquivo dos maiores,
Dos perfeitos, dos melhores...

Um solidário olhar...
Um caloroso abraçar...
Um gesto de compreensão,
Um apoio, de coração...

Todas as formas de solidariedade!
Todas as demonstrações de amizade...
O exercício da irmandade,
Da sinceridade...
O encontro dos pólos!
Os colos...
O preferido perfume,
Encanto de vaga-lume...

O mágico lume,
O Cume!

A oração!
Uma canção...
Aquela sensação,
Que ultrapassa o inesquecível...
Aquele arrepio,
Que assusta o vazio...
Aquela emoção,
Que surpreende o inexprimível...

Aquele aperto bom no peito...
Aquele jeito!

Aquele peito...

Ah! O cheiro no leito!

Inventamos um jeito...

Você no meu peito!

E mais:
Aquela paz...

Ah! O mais que perfeito!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Apesar de Tudo

Bom é se sentir bem,
Como quem
Deve a ninguém...
Como alguém,
Um pouco aquém
Íntimo do além!

É gostar de respirar,
Pelo prazer de apreciar
O movimento do peito,
Seus efeitos,
Seus desenhos,
Seus empenhos...

É se deixar embalar
Por um perfeito cantar!
Do tipo que enleva
E eleva!
Que arrepia a pele
E promove o leve...

É sentir o olho semicerrado,
Como quem não quer ser incomodado.
Quer permanecer tocado,
Suavemente emocionado,
Invejavelmente equilibrado,
Num momento inesperado...

É dar o braço a torcer,
Por acabar de perceber,
Que, apesar de tudo
Que há de confuso no mundo,
Bom mesmo é expandir os sentidos...
Navegar nas águas magníficas desse feitiço

Que é estar VIVO!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Muito Prazer!!

Eu, você e eles, somos nós,
Que nunca estamos sós,
Que fazemos da alegria e do júbilo, oração,
Motivo maior de nossa canção.
Desfazemos a tristeza, desatando nós
E na poesia encontramos a redenção.

As palavras fluem como ornamentos,
Enfeitando com arte até o obscuro,
O núcleo do ínfimo,
Das profundezas do ser, em sentimentos
Que gritam ou calam em nosso íntimo.
Desabafos sinceros por sobre o muro...

Sacadas do fundo, afloram-se percepções,
As mais autênticas sensações,
Inspiradas na fonte inesgotável e profunda,
Transformando em hinos da alma, em belas canções,
A dor, o amor que transborda e inunda,
Por sobre todas as sanções!

Entre fascínio e êxtase, delírios da emoção,
Inspirados na incansável vastidão,
Em versos ou prosas, brotam eloquentes,
Das malhas finas tecidas entre a loucura e razão,
As fantasias da mente, dos sonhos dormentes,
Dos desejos mais que arguentes...

Encanta a quem vê com olhos atentos,
Com sentidos sedentos,
O fruto da fonte que nos aguça a percepção,
Que flui envolto em certa devoção,
Sendo a cura dos males da alma e dos desalentos,
Que busca tocar com leveza e magia, o coração.

Alegra-nos não só o reconhecimento,
Como a identificação,
Bem como a reação,
Da arte que alimenta mais que pão;
Que faz querer derrotar o dragão
E sair espalhando nosso sentimento...

Somo assim:
Abusados,
Alterados,
Por vezes, transtornados,
Outras, embasbacados...
Somos, a um só tempo, múltiplos
E únicos!
Engajados,
Revoltados.
Tão noturnos,
Quanto diurnos.
Somos, pretensamente, despretensiosos!
Evolutivamente, ambiciosos:
Evangélicos,
Esotéricos,
Judeus,
Ateus,
Cristãos,
Pagãos,
Muçulmanos,
Presbiterianos,
Espiritualistas,
Ocultistas,
Maçons,
Ah! Como são singelos nossos sons...

Somos movidos a paixões.
Somos cônscios dos nossos desvãos,
Das nossas carências,
Das nossas adjacências...

Um pouco incertos,
Somos extremamente modestos...
Diletantes!
Ah! somos apaixonantes...!

Acreditamos no poder máximo,
Ávido,
Do inconfundível ardor,
Que vem do Amor...

Tão tradicionalistas,
Quanto vanguardistas,
Somos cria da matéria prima da tarde.
Do bom que arde.

Da arte!

Escrevemos para encontrar sentido
E, principalmente para continuarmos vivos,
Ativos
E com um necessário brilho.

Queremos não só desabafar,
Encantar,
Protestar...
Queremos fazer desabar,
Tudo o que impede a evolução de raiar.
Queremos ver a humanidade despertar,
Para poder despontar,
Frutificar
E florescer.

Queremos enternecer!

Somos mais que abolicionistas,
Somos Recantistas!



Dueto com Celêdian Assis


quarta-feira, 3 de março de 2010

Ao Redor

O problema está em radicalizar no foco.
Às vezes, a solução cai no colo
E não percebemos, por estarmos centrados,
Convictamente enlaçados,
No que qualificamos como objetivo...
Como se ele fosse a única possibilidade de destino.

Da forma como agimos,
Parece até que sabemos o que é melhor para nós.
Alguém pode até acreditar
Que temos destreza em desatar nossos nós...
Desesperamo-nos quando não está se desenrolando,
O que objetivamos.

Ao espargir toda a água da bacia,
Em cenas melodramáticas,
Crivadas de estática,
Em detrimento da sintonia,
Não reparamos no que está bem perto,
Que, não por coincidência, é-nos o mais certo.

Alguns atravessam a vida se debatendo,
Reclamando,
Maldizendo,
Deturpando,
Perdendo,
Morrendo,
Sem perceber o bom escorrendo.

É única a solução:
A atenção!
A tudo
O que compõe esse fantástico mundo.
Do raso ao fundo,
Rumo ao mais profundo.

Sem medo!
Com elogiável empenho!
Com palatável serenidade,
Com inabalável humildade...
Orientado pelas melhores sensações.
Emoldurado por sublimes constelações!

terça-feira, 2 de março de 2010

Ambiente Magistral



A arte proporciona um dos melhores ambientes,
A quem se quer consciente.

Seu poder invisível,
É o oxigênio para quem é sensível.
Seu colo seguro,
Faz-nos esquecer de todos os muros,
De todos os sustos,
De todos os custos...

De todos os curtos!

Ela possui o dom,
Através do seu específico som,
De alterar para melhor,
Para muito maior,
O espaço
Envolto em seu laço,

Em seu abraço!

Em seu colo convergente,
Quente,
Depomos, espontaneamente,
Instantaneamente,
Todas as defesas,
Todas as inúteis certezas,

Abrem-se as comportas da celestial represa!

Surgem novas cores,
Insondáveis sabores...
Ela altera nossa estrutura,
Com a sua inimaginável altura.
Seduz a razão,
Para se aliar à percepção

E, assim, atingir o coração!

É o canto que escolhi,
O leito onde renasci,
Aonde venho deixando, cotidianamente.
Minhas melhores sementes.
Senhora do meu legado,
Ícone mais que encantado,

Mantém-me elevado!

Impulsiona-me a decolar,
Para me espelhar,
E ao me refletir, perceber...
É sua forma de fazer renascer,
Diariamente,
Delicadamente,

Deliciosamente!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Parceria Cósmica

Algumas pessoas têm uma importância indiscutível.
Em nossas vidas, desempenham um papel incrível,
Que não devemos, nem podemos ignorar.
Importância essa, que só o tempo pode avalizar.
Pessoas que nos ajudam a crescer,
Com seu diferente perceber.
Pessoas que instigam,
Às vezes, irritam,
De tanto que mexem conosco.
Deixam na garganta um momentâneo desconforto...
Graças a Deus, tive a oportunidade,
A felicidade,
De conhecer algumas delas.
Em minhas janelas azuis, são as flores amarelas!

Teddy tem essa significância,
Essa relevância...
Conhecê-lo foi avassalador,
Tsunâmico...
Em minhas águas, um divisor
Magnânimo!
Nunca mais fui o mesmo.
Ele contribuiu imensamente,
Inegavelmente,
Para a formação,
Para a formatação
De meu enredo.
Trouxe-me um mundo desconhecido,
Que me deixou enlouquecido.

Esse choque cultural,
Desaguou numa parceria musical
Sensacional,
Excepcional.
Criamos nosso estilo,
Nosso pulso, nosso ritmo.
Ele trouxe as melodias. Todas muito elaboradas,
Minuciosamente trabalhadas.
Eu entrei com a poesia,
Com um prazer comparável
Ao que rompe a noite, o dia...
Uma experiência incomparável.
O poeta dava seus definitivos passos,
Apresentava seus diferentes compassos.

Fizemos mais de 80 canções,
Frutos das nossas mais puras emoções.
Reuníamo-nos aos domingos à tarde.
Entregávamo-nos de corpo e alma à arte.
Sem qualquer outra intenção,
A não ser a canção.
Estávamos focados,
Melodiosamente enfeitiçados.
Foram alguns poucos anos inesquecíveis,
Que nos deixou, infinitamente, mais sensíveis.
Foi um encontro de almas,
Do tipo que a eternidade bate palmas.
Agradeço à imensidão,
Ter conhecido esse talentoso irmão.

O que a música uniu,
A história não separa.



Esse texto é presente de aniversário
para meu parceiro musical/amigo/irmão Teddy!