domingo, 28 de fevereiro de 2010

Alta Velocidade

As mudanças estão se acelerando.
Parece que, de repente,
Tudo ficou urgente.
Os fatos estão se atropelando.

Não só a mentalidade está avançando,
Como o planeta também está se reacomodando.
Dados simultâneos,
Alguns com efeitos instantâneos!

Há muito a Terra não gritava tão alto.
Não bradava o seu sobressalto,
A sua indignação,
Perante a humana devastação.

Encurralou o homem em sua arrogância.
Deixou clara a sua ignorância,
A sua cegueira,
Perante a atual ribanceira...

Roubou-lhe todas as opções,
Exceto a de rever a sua postura,
Sob pena de histórica ruptura...
Trouxe à tona o absurdo de suas decisões...

Está pondo por terra antigos conceitos
Sobre progresso,
Sobre o preço do social acesso,
Obtido por insensatos meios...

Desmascarou o que a humanidade
Entendia por sucesso.
Estampou em sua crosta a brutalidade,
Com que vem sendo tratados os seus processos...

Tão delicados!
Todos tão sincronizados!
Tudo tão bem elaborado,
Que não pode ser moldado
Pelos desejos humanos.
A maioria, incontestavelmente, insanos!

O, agora inegável, aquecimento global,
Esse calor surreal!
Os movimentos das placas tectônicas,
Que deixam as populações atônitas...
As tsunâmicas marés,
Que arranham todas as manifestações de fé.
O medo do que está por vir!
A incerteza ao fundo do sorrir...

Esse conjunto de dados,
Está obrigando ao homem reposicionar
O seu pensamento,
O seu enraizado e superado argumento.
Todas as relações estão sendo revistas.
Brota um novo ponto de vista,
Despretensioso,
Avesso a tudo que soe preconceituoso.
Mais liberto,
Bem mais aberto.
Muito mais inclusivo,
Mais positivo!
Menos egoísta,
Bem mais altruísta!

Estamos levantando a cabeça.
Estamos nos abrindo para as cósmicas certezas.

Ainda bem!
Chegou a hora de irmos além...

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Alívio Saboroso




Estou nas cercanias do equilíbrio.
Isso é um saboroso alívio.

A pior coisa do mundo
É conhecer o fundo
Da tristeza,
O vazio da represa...
A gente se sente pequeno,
Perigosamente indefeso.
Perde-se o sabor
E a cor...

Quando a gente começa a voltar,
Quando o dia começa a raiar,
E a gente sente o sol no rosto,
Um agradecimento percorre o corpo.

Surge a obrigatoriedade de elaborar
E, principalmente, materializar
Um bom viver,
Propício ao crescer.

Dá vontade de saborear a vida,
De ignorar toda e qualquer intriga,
Mutam-se os valores,
Ampliam-se os sensores...
Para melhor captar
A harmonia circular,
A melodia milenar,
A gente se sente parte do ar...

E quer conversar,
Quer participar!
Aparece uma disposição,
Capaz de fertilizar qualquer chão.

Tudo fica mais fácil.
O mundo fica mais ágil,
Mais amigável,
Bem mais agradável.
Surge o ímpeto de, profundamente, respirar...
De, espontaneamente, comungar,
De se irmanar,
De nada desejar!

Não se pode mais perder qualquer instante.
Tudo é importante...
Nada é discordante.
Só a afeição é relevante!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ainda Não?


Ah! Que pena! Você não vai me surpreender...
Acho que, ainda, não será dessa vez, que a gente vai acontecer.

Você continua no seu esconderijo,
Cada vez mais sem sentido...
Marcando passo,
Afrouxando o laço...
Atrás das mesmíssimas paredes,
Tão inconsequentes,
Quanto inexistentes.
Você emaranhou-se em suas próprias redes...

A diferença é que aprendi a lição:
Não tiro mais o pé do chão.
Em se tratando de você,
É preciso esperar para ver...
É de domínio público a sua insegurança,
A sua resistência ao meu tipo de dança...
Aberta, livre, escancarada,
Incerta, leve, desvairada...

Você não consegue sair do quadrado,
Do, castradoramente, condicionado.

Ah! Se você soubesse como a vida pode ser grandiosa,
Se você não desprezasse a rosa,
Por temer os espinhos...
Seria bem mais intenso o seu caminho.
Quero lhe mostrar lugares novos.
Confesso que já preparei os mentais fogos...
Nosso encontro
Será um mergulho rumo a um novo ponto.

E se eu lhe disser que os espinhos são fictícios,
Oriundos, exclusivamente, dos seus falecidos princípios?
E se eu lhe provar
A infalibilidade de decolar?

Saia de trás de sua timidez.
Permita-se entrar em fluidez...

Vamos! Feche os olhos e me toque.
Permita que meu desejo seja sua sorte!

Não tema o arrepio,
Sempre estivemos sobre um estreito fio.

Aninhe-se em meu corpo aberto.

Relaxe...

Repare-se...

Vamos construir o nosso certo,
Sob um encantado teto!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Chego Já































Sinto um certo cansaço,
Com algum embaraço.
A porta que esperava, não abriu.
O plano original ruiu.
Estou certo que hei de encontrar outra saída.
É surpreendente a criatividade da minha vida.
Sempre aparece, sem exceção alguma
A solução pensada de forma nenhuma...

Um pouco ansioso,
Por ser, o próximo passo, grandioso.
Trata-se da realização de um sonho
Que, desde sempre, componho:
Despejar minha alegria
No estado da Bahia,
Que, tão fortemente me influenciou,
Através de sua arte que sempre me guiou.

Acompanho o pensamento baiano desde menino.
Sinto que ali está uma parte do meu destino.
É como se eu estivesse escutando um chamamento,
Não na forma triste, de um lamento,
Mas, na energia dos tambores,
Na chama sagrada dos seus ardores.
No seu mar, absolutamente encantado, que conheci
E do qual, jamais me esqueci.

Quero terminar de aprender a desacelerar.
Quero mergulhar de vez, no contemplar...
Não será uma mudança de foco.
Quero ir-me logo!
Criei uma chegada segura.
Submetida à altura!
Vou em busca da possibilidade,
De estender a sensibilidade...

Estou crivado de boas intenções,
Sem prontas soluções...
Quero observar e perceber.
Sempre que possível, compreender.
Derrubarei minhas últimas barreiras,
Para atravessar as mais iluminadas fronteiras.
Estou seguro!
Acredito, piamente, nas bases do meu mundo.

Ah! As Escolhas !!





Observo histórias pessoais,
Cujas escolhas ao longo do tempo,
Podem ser consideradas como irracionais,
Pois a colheita vem sendo só abatimento...

Detecto um inexplicável prazer
Em potencializar o sofrer.

São pessoas complicadas,
Completamente enroladas,
Sempre revoltadas!
Sentem-se rejeitadas...

Não percebem, porém, que elas mesmas,
É que mantém viradas as respectivas mesas.

Preferem os caminhos tortuosos,
Os caules mais espinhosos...
Ignoram as flores.
Alimentam-se de terrores!

Estão fechadas as suas janelas.
Acorrentaram-se às suas imaginárias tramelas.

São egoístas,
Extremamente derrotistas...
Detestam a claridade,
Desdenham a bondade...

São adeptas do drama
E péssimas na cama...

São cínicas,
Mínimas,
Agressivas,
Intempestivas...

Recusam-se a entregar,
Chafurdam no reclamar...

Escolheram os piores caminhos
E culpam seus destinos.
São difíceis de engolir,
Pior ainda, de digerir...

Não se cansam de esmurrar a faca.
No compartimento da evolução, perderam a vaga...

Subsistem a sós,
Acariciando seus nós.
Recusam-se a olhar para cima,
Ou alterar sua precária rima.

Estragaram sua encarnação,
Por terem sempre pronto o Não!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Agradeça




Inacreditável, como o homem tem dificuldade em agradecer!
É um crônico padecer.
Até parece que a manifestação da existência
Tem por obrigação lhe atender.
É uma gravíssima falha na consistência,
Que só o põe a perder.

Quando alguém lhe socorrer,
Por você interceder,
Os braços estender
E lhe aquecer,
Tenha, por gentileza, a dignidade de agradecer.
Por favor, seja sincero nesse proceder.

Caso contrário, numa próxima oportunidade,
Você encontrará dificuldade
Em encontrar amparo,
Aquele precioso regalo,
Sem o qual fica difícil se levantar
E voltar a caminhar.

Agradecimento demonstra humildade,
Valoriza a amizade.
Estimula novas ações,
Novas intervenções.
Faz a roda girar
E a solidariedade brilhar.

Somos seres dependentes.
Acreditamo-nos carentes.
Precisamos uns dos outros,
Principalmente, dos loucos,
É nosso dever reconhecer
Quem nos auxilia a crescer.

Daqui em diante, progressivamente,
Será necessário exercitarmos a solidariedade,
Com inquestionável propriedade,
Para enfrentarmos as mudanças que estão brotando,
Os eixos que estão se reposicionando,
Indubitavelmente!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Aceite a Brincadeira



A vida brinca. Claro que brinca...
É menina!
Para quem vê de fora, imprudente,
Muito exigente,
Cheia de si, altiva,
Candidata a diva.

Finge que vai, mas não vai...
Balança, mas não cai!
Seus olhos são só brilho,
Impossível mantê-la no trilho!
É indomável,
Absurdamente admirável!

Mas, não a contrarie.
Não permita que, de desgosto, arrepie!
Melhor mantê-la mimada,
Diariamente reverenciada!
Precisa ser apreciada,
Para se manter iluminada.

Não pode ser levada tão a sério.
Nem pense em desvendar seus mistérios.
Adeque-se aos seus critérios,
Para manter aberta a entrada do seu império.
Requisite seu poder,
Ela gosta de interceder.

Brinque com ela...
Perca um tempo em sua companhia,
Na janela...
Apreciando o desfile impecável da harmonia.
Respeite seu compêndio.
Ouça o magnífico texto do seu silêncio.

Cante para ela:
Notas precisas para uma musical aquarela...
Ofereça seu peito!
Ela o acolherá em seu leito,
Sensacionalmente emocional,
Convictamente sensual!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Abelhas Desgovernadas




Ao longo do meu caminho,
O que mais se vê é carinho!

Fiz questão absoluta de semear,
De, cuidadosamente cultivar.
É o pavimento da minha estrada,
Tão original, quanto alucinada,
Imprevisível...
Extremamente sensível,
Irrevogavelmente incrível!

Não sei caminhar sobre pressão,
Sob perniciosa tensão.
Estanco assustado,
Sinto-me acuado,
Derrubo a bilha.
Quebro a quilha!
Desconheço essa trilha...

As manifestações de agressividade,
Adotadas como modelo,
Do atual enredo,
Soam-me como temeridades!
Abomino todas as formas de aspereza.
Desprezo as manifestações de rudeza.
Não aceito a desculpa de autodefesa.

Já quem prima pelo carinho,
Nunca está sozinho.
De algum lado,
Ainda que inusitado,
Surge um amparo,
Um revigorante abraço,
Um regalo.

Nesse assunto consegui excelentes resultados,
Que sempre me mantiveram emocionado.
Nunca me faltou um braço,
Para acompanhar o passo.
Também fui cais,
Para muitos ais.
Auxiliei em recuperações sensacionais.

É da minha natureza compartilhar,
Ajudar a passar.
Não existe vitória sozinha.
Segurando a linha,
Há inevitavelmente, alguém atrás.
O prazer que isso traz,
Convida a mergulhar mais e mais.

Participar e deixar outros participarem,
Auxiliar e deixar outros auxiliarem,
Eis o tempero universal da vida,
Que merece ser bem vivida.
Tenho comigo que sós, somos nada...
Abelhas desnorteadas.
Aeronaves desgovernadas.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A Inutilidade das Antigas Trilhas


Nós precisamos deitar um olhar mais atencioso,
A esse bem mais que precioso:
A criatividade!
- Veículo da sensibilidade.

Ainda estamos muito presos aos consagrados e antigos modelos.
Modelos esses, que outrora foram frutos da criatividade.

Continuamente, mudam-se os apelos,
Os desejos,
Que determinam os enredos
E seus desfechos...

Ouso dizer que, muito raramente, as fórmulas passadas,
Podem ser eleitas, como as mais adequadas.

O mesmo ocorre em todos os setores,
Com todos os ardores...

Não somos os mesmos que nossos pais...
Nossos filhos já não são como nós:
Têm outros nós.
Nossas soluções já não lhes servem mais.

Têm outras necessidades,
Outras dificuldades.
Têm acesso a um mundo, como nunca tivemos
Adotam posições que nunca soubemos...
São outros os seus arrepios
E os seus desvios.

A busca pela felicidade
Requer a criação de novas possibilidades.

Antigas trilhas, já não servem.
Antigas medições, já não medem...
Como impor a mesma postura,
Sobre a nova e incômoda arquitetura?

Como explicar a fato de termos desabado
Sobre a impune falta de ética,
Se era tão severa a nossa estética?
Tudo mudou e isso é fato consumado!

Será que nossa mente acompanhou a mudança?
Será que, com os novos dados, está aferida a nossa balança?

Claro que me refiro ao lado positivo da novidade,
Não à inovação da barbaridade...

Tenho comigo que se a criatividade não for estimulada
À exaustão,
Com retidão,
A humanidade acabará completamente desfigurada...

Precisamos abrir caminhos,
Novas opções de construção do ninho...
Talvez, com mais sinceridade,
Obedecendo aos ditames da simplicidade.

Algo onde inexistam excluídos
E todos se sintam responsáveis e imbuídos!

Respeitar e incentivar a individualidade,
Para criar uma saudável coletividade.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Vôo Matinal



A minha primeira ação ao acordar,
Ainda em jejum, bem cedo,
É dar vazão ao enlevo,
Que sinto ao deixar a alma se expressar,
Através da poesia.
Minha melhor receita para um começo de dia.

Basta me sentar em frente ao computador,
Que ela extravasa o seu ardor.
Não me cansa de surpreender,
De me empurrar a crescer,
De me estimular o perceber.
Basta começar a escrever.

Meu espírito levanta vôo
E a tudo sobrevôo,
Como se estivesse munido
De uma lente de aumento:
Um bálsamo, um unguento,
Que a tudo,
Busca a fundo,
O verdadeiro sentido.
Aquilo que está oculto,
Atrás dos indesejáveis muros
Da ganância,
Da ignorância.

Obstáculos esses erguidos sem consentimento,
Que aprisionam os melhores sentimentos.
Uma espécie de desvio,
Sob nenhum aspecto sadio,
Pelo qual a humanidade enveredou
E se envenenou...
Ofuscando,
Nublando,
O que há de mais belo,
Em todos os seus elos.
Uma sórdida experiência,
Um atentado contra a existência.

No alto: nessa posição privilegiada,
Com a benção da alvorada,
Procuro pelo que desata,
Pelo que comprova e constata,
Pelo que atesta e indica
O absurdo de todas as guaritas...
Pelo que possa desaguar
Num íntimo desarmar;
Por tudo que possa evocar o despertar,
Do que não pode mais esperar...
Por tudo que possa suavizar,
Emocionar...

E emocionando, possa libertar!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Viva Agora



Incomoda-me quando vejo o tempo sendo desperdiçado.
Agimos como se tivéssemos à frente, toda a eternidade.
Tenho comigo, que esse comportamento é equivocado.
Claro, que mudei de postura com a idade.
Antes também era absurdamente perdulário...
Até que percebi as inconstâncias do itinerário.

Tanto foi planejado
E tão pouco executado.

Nunca tive noção perfeita da passagem do tempo.
Até hoje, não ajo como se convencionou à minha idade.
Mantenho minha cabeça aberta para a evolução.
Mas, fui perdendo o excesso de seriedade,
Que bloqueava parcialmente, a evolução dos movimentos.
Deparei-me com a muda sabedoria do chão!

Ou seja, hoje sou mais tolerante,
Bem menos arrogante.
Aprendi que as minhas crenças,
Não são definitivas sentenças.
Já mudei muito o pensamento,
Para ter veracidade no argumento.

Sei que não sou dono da verdade,
Exatamente por não ter a visão completa do todo.
Antigamente, defendia meu ponto de vista feito um doido.
Agora prezo muito mais a tranquilidade.
Não perco mais meu tempo discutindo,
Prefiro passá-lo amando e sorrindo...

Além, obviamente, de escrevendo e cantando...

Entristeço-me vendo as pessoas se digladiando,
Enquanto a curtíssima vida vai passando.
Acho engraçados os planos para muito distante...
Como se a existência não mudasse a cada instante!
O próximo momento é totalmente desconhecido.
Para comprovar, basta analisar o já ocorrido.

Todos passamos por surpresas inimagináveis.
Algumas extremamente agradáveis,
Outras nem tanto...
No entanto,
A vida de ninguém tomou exatamente o rumo ansiado.
Algumas até, desviaram-se totalmente do desejado.

O que quero dizer é que precisamos valorizar o presente.
O bem maior para quem quer ser consciente.
Não devemos nos desgastar com a mediocridade,
Como se não houvesse outra possibilidade
De viver em sociedade.

Tanta gente passa a vida sem conhecer
Sem vivenciar, nem perceber
O sentido de palavras tais como: humildade,
Sinceridade,

E felicidade!

Ficam reféns de coisas pequenas.
Perdem a magia das tardes amenas,
Das noites enluaradas,
E das manhãs fantasticamente,

Ensolaradas!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Viajando com Maturidade




Estou feito um mestre-sala de escola de samba:
Danço em volta das dificuldades...
Em matéria de resistência sou um bamba.
Descobri em mim uma encorajadora tenacidade.

Vantagens da maturidade...

Durante toda a minha mocidade,
Cultivei a fragilidade.
Confesso que, dos meus traços,
Esse não era o mais recomendável.
Deixou-me, por demais, instável.
Inseguro em quase todos os passos.
Sofri em demasia,
Como se isso fosse uma galhardia.

Dois complexos perturbaram-me a juventude,
Fraudaram-me a atitude:
O Complexo de Rejeição em primeiríssimo lugar...
Causou-me um estrago espetacular.
O medo da culpa,
Induziu-me a ridículas posturas.
Ainda hoje, às vezes, eles aparecem
E me entristecem.
Mas agora tenho o controle da situação.
Não perco mais o chão.
Não temo mais as tempestades.
Abasteço-me com sua eletricidade.

Sigo buscando o conhecimento necessário,
Para percorrer com conforto, o itinerário.
Tenho sempre boas sementes nas mãos,
Para semeá-las em todos os desvãos.
Sigo a mais simples das receitas:
Acredito na natural colheita,
De tudo que se planta,
De tudo que se canta,
De tudo que se intenciona,
De tanto que se proporciona...
Da força que se levanta,
Do Bem que se agiganta!

Entendi que devo confiar no curso do rio
Quando ele muda de rumo, eu sorrio...
E me entrego,
Mas não como um cego.
Não ofereço qualquer resistência.
Expando a consciência,
Observo,
Tento capturar a intenção do verso,
Para fluir em comunhão,
Com o que, para mim, reserva a imensidão.
Acabo sempre descobrindo inacreditáveis paisagens,
Porque decidi aproveitar a viagem.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Vento-Brisa


À medida que me aproximo do abismo,
Vou sentindo no rosto um vento agradável,
Vez em quando,
Como se fosse um hiato,
Na luta constante contra o pranto...
No permanente abalo,
Na preocupante ausência do estável,
Em que vivo.

Esse vento-brisa,
Pura magia,
Refresca a pele.
Deixa a mente leve...
Relaxa os tendões,
Ameniza as interpelações...
Ajusta os sentidos.
Hora do intervalo para o juízo.

Sob sua egrégora invisível,
Mergulho no mais sensível...
Alinho meus chackras,
Purifico minhas águas...
Reforço a confiança
Na universal balança...
Aquela que não se cansa
De processar esperança.

São momentos até que rápidos,
Mas, chegam tão ávidos,
Que se eternizam
Feito canções
E se cristalizam,
Emoldurando inesquecíveis sensações,
Na memória da senda...
Origem de toda e qualquer lenda.

Um prazer raro,
Dentro de um momento tão escasso,
Que faz a perna parar de tremer...
Faz o estômago parar de gemer...
A mente, naturalmente, se cala
E a emoção, espontaneamente assume,
Banhada em estranho lume,
Em traje de gala.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Únicas Certezas



É bom assim: quando se despem todas as túnicas,
Quando se dissipam todas as dúvidas;
Quando não fica pedra sobre pedra!
Tudo, devidamente, registrado pela serra...

Fica mais fácil para partir.
Em outro lugar ir construir.
Libera os inaproveitados braços,
Para novos abraços.

Dá uma considerável tranquilidade,
Em virtude da ausência de múltiplas possibilidades...
Pelo menos, até aqui, foi o desenho que se configurou.
Nele minha alma ancorou.

É um pensamento diário,
Essa mudança de itinerário,
Em busca de novas oportunidades,
Para exercer a serenidade.

Claro que não é um processo indolor.
Mas, indispensável para se manter o ardor.
Estou me despindo de todas as mágoas
E estendendo outras tábuas...

Estou a um passo do centro de mim mesmo.
Não posso admitir sequer, pequenos erros.
Levantar a cabeça,
Caminhar com leveza,

São minhas únicas certezas!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Uma Grande Bobagem



Quero declarar publicamente,
Que não acredito existir luta possível,
Para se "conquistar um amor".
Embora a ficção nos afirme isso, diariamente.
É uma questão tão simples quanto sensível:
Não se faz acontecer o ardor.
Ou ele existe espontaneamente,
Independentemente,
Ou não.
Nada pode ser feito para alterar essa situação.

Não adianta mascarar a personalidade,
Não adianta se fingir de celebridade,
É perda de tempo qualquer tipo de interpretação,
Qualquer forma de falsificação.
Nem pense em se fazer de bonzinho.
A ninguém engana o lobinho..
Fazer-se durão,
Também não é uma feliz opção....
Por Deus, não venha com o coitadinho de mim...
Tire o olho do dindin!
Desista das manipulações novelescas, elas são o fim!
Acredite em mim.

Ou a pessoa gosta de você, ou não.
Ou você é mesmo o objeto de afeição sincera,
O porto de entrega,
Ou tudo não passa de um jogo de conveniências, uma ilusão.
Nesse caso não é possível a transmutação,
De uma relação cerebral,
Ou mesmo sexual,
Para outra, de coração.
Os verdadeiros sentimentos são espontâneos,
Têm galhos subcutâneos.
São inegociáveis,
Porque são inegáveis.

O amor é forte.
Aponta sempre para o norte.
É mais que instintivo,
É construtivo.
Amplia a percepção,
Aumenta o alcance da visão.
Não rima com dor, coisíssima nenhuma.
Suave e encantada bruma...
É o princípio da Criação,
A mola propulsora de toda a evolução.
...O verso perfeito...
...O impulso primeiro...
A mais linda canção,
A estrutura da pulsação!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Um Novo Momento




Houve um tempo em que ser forte era ser duro,
Um intransponível muro!
Hoje, ser forte é manter-se sensível,
Sobre esse momento tão confuso, quanto inexprimível...

A valentia
Vem perdendo espaço para a simpatia.
A agressividade
Está, aos poucos, sendo substituída pela sensibilidade.

O comportamento abrupto,
Impulsivo,
Que já causou tanto susto,
Começa a ceder, mediante a pressão do evolutivo...

O planeta dispensa qualquer impulso agressivo.
Está muito mais receptivo
Ao compassivo,
Do que ao destrutivo.

A consciência,
Que roncava nos braços da conveniência,
Começa a se despertar
E a se espalhar.

Grandes mudanças estão engatinhando.
Aos poucos, vêm se revelando,
Apontando novas soluções,
Para antigas questões.

Tudo está começando a ser revisto.
Busca-se, desesperadamente, um novo sentido,
Menos curto,
Bem mais justo.

Um posicionamento menos passional
E mais universal,
Onde as diferenças sejam, não só mais respeitadas,
Como também, bem mais incentivadas.

Onde o conhecimento
Seja muito mais valorizado, que o sofrimento.
Onde o cósmico,
Sobreponha-se sobre o ilógico.

Onde o estender a mão,
Seja espontâneo.
Onde o reconhecer o irmão,
Seja instantâneo.


Vem vindo o tempo da suavidade,
Da individualidade
Submetida à eternidade,
... Uma nova possibilidade...

De redenção,
De aceitação,
De consagração
À imensidão!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Tristeza Não, Leveza Sim!

Recuso-me a dissertar sobre a tristeza,
Prefiro versejar sobre a leveza.

A primeira, todos a conhecem, detalhadamente.
Já, a segunda, poucos a concebem minuciosamente.
A primeira nos trouxe até aqui.
A segunda há de nos levar por aí...
Numa dança solta,
Rebelde, um pouco louca.
Irresistível,
Intransferível.

A leveza é a maior prova de sabedoria,
Ápice da harmonia.
Prenuncia um novo tempo,
Banhado em alento.
Requer um padrão de autoconhecimento,
Não encontrado, não fornecido,
Pelo estabelecido
E deturpado pelo conhecimento.

A tristeza é tempestade.
Assolando a cidade...
Um incômodo contínuo,
De ângulo oblíquo.
Vem sendo exageradamente, enaltecida,
Quando, em verdade, já deveria estar recolhida...
Fonte de inspiração esgotada,
Ainda mantém sua platéia-refém lotada.

Tem a cor cinza.
É a essência da cinza...
Enlouquece,
Empobrece,
Possui requintes de crueldade.
Caminha impunemente, pelas ruas da cidade.
Angariando indivíduos,
Com seus ilusórios subsídios.

A leveza tem som de sim.
É tudo que almejo em mim...
É coloridamente branca...
Paz tamanha!
Desperta a divindade,
Dentro da individualidade.
Frescor da tarde...
Convite à arte!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Transparente




Desde sempre, adotei para a minha vida,
Na medida do possível, a transparência.
Trabalho arduamente para depurar a consistência.
Por isso, não tenho pudores de ter grande parte
Da minha intimidade exibida,
Através do exercício da poesia que, em mim, arde.

Tornou-se uma característica autoral.
Tem-me proporcionando um retorno fenomenal.
Claro que não exponho tudo,
Para respeitar os limites do mundo.
Entretanto, sinto um enorme prazer,
Em dividir o meu perceber.

Não temer as próprias fraquezas,
Contestar as convictas certezas,
Espontaneamente,
Sinceramente,
Considero altamente construtivo.
Contribui muito para o processo evolutivo.

Acredito, também, que ser transparente,
Atrai um tipo específico de gente,
Que facilita a conexão,
A intersecção.
Fortalece os relacionamentos,
Estarem expostos os sentimentos.

Evita confusão,
Ou errônea interpretação.
Passa segurança,
Convida à dança...
Demonstra confiança,
Atrai a bonança.

Algumas pessoas se espantam,
Pois, das suas máscaras, não se cansam.
Acreditam ser uma ousadia extremada,
Ter sua alma revelada.
Adotaram desde sempre, uma postura conveniente,
Mas nada eficiente...

Prefiro a coragem
De encarar todas as miragens...

Nada temo em meu interior,
Lá está meu eu superior,
Que se prefere exposto,
Em cada traço do rosto.


Texto dedicado à minha amiga linda Celêdian !

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Tempestade


Durante a tarde toda, trovejou.
Um sonoro recado,
Como se fosse um aviso amplificado,
Que a todos preocupou.

O sol, indeciso aparecia
E se escondia,
Eliminando qualquer possibilidade de previsão.
O que aconteceria, dessa vez, com esse chão?

Pela televisão, soube que já chovia na cidade do Rio.
Pensei que, talvez, tivéssemos escapado desse calafrio...
O dia todo, ventou bastante, o que foi bastante agradável,
Pois o calor estava literalmente, insuportável.

Conforme a tarde foi caindo,
O abafamento foi progredindo:
Sufocante,
Intrigante...

Desconfiei que algo estava errado.
Infelizmente, não estava enganado:
Ao anoitecer,
O vento voltou enlouquecido,
Com a fúria de quem tivesse sido esquecido.

Chegou de braços dados com a noite,
Para climatizar seu açoite.
Dessa vez, veio bem mais barulhento
Feito moleque briguento.

Brincou de aterrorizar
Esbravejando pelo ar,
Seu desassossego,
Sua sinfonia de medo.

As palmeiras envergavam,
As goiabeiras se dobravam.
Tudo procurou abrigo,
Para escapar daquela espécie de juízo.

Parecia uma vingança,
Essa sua inédita dança.
Uma espécie de ameaça,
Uma cruel pirraça...

Fui para a varanda para inspirar
E, profundamente me limpar,
Definitivamente me desapegar
De tudo que estava a me incomodar.

Em meio aos clarões,
Berrei a plenos pulmões...
Implorei por lucidez,
Para escapar dessa aridez...

Parecia que levaria para longe a chuva,
Com suas inapreciáveis e negras luvas.
Estava completamente enganado:
Ela não só veio, como veio de lado.

Batendo as janelas,
Dando asas às panelas...
Fez voar tudo que estava em seu caminho:
Árvores, mesas, guarda-sóis, instrumentos de percussão,
Em meio à incredulidade, impôs seu desatino.
Parecia que estava ensaiando para se transformar em tufão.

Entrou água por todas as frestas,
Por todas as tabelas,
Por debaixo das portas...
Feriu todas as hortas!
A energia elétrica oscilava,
Numa coreografia amalucada.

Desliguei tudo
E aguardei mudo...
Foram duas horas de apreensão...
De absoluta atenção,
De chuva intensa,
De tempestade imensa.

Ao final, a constatação dos estragos:
Árvores peladas,
Outras tantas tombadas,
Um tapete de folhas arrancadas
Todo tipo de objetos que pareciam alados,
Quedavam-se, agora, do lugar de origem, distanciados.

A maré cooperou
E o rio não transbordou
Foi mais um susto,
Que nos calou fundo.
Restava apenas, a limpeza
E a incontestável certeza

De que está sim, acontecendo,
Amanhecendo,
Uma revolução no planeta.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Transbordamento




É assim: quanto mais percebo,
Quanto mais entendo,
Mais sou,
Mais dou,
Mais escrevo,
Em, cada vez mais alto, relevo!

Finalmente, entendi a matemática universal
E sua precisão colossal.
Assimilei que posso tomar a iniciativa,
Para mudar a perspectiva.
Posso sim, fazer o afeto circular,
Oferecendo-o em primeiro lugar.

Além de ser,
Um incontestável prazer,
Acionar essa ignição,
É bom demais... Ver se espalhar
Nas moléculas mais densas de ar,
A redentora afeição.

Sob seu prisma,
É instantânea a rima.
A beleza irrompe
Como uma fome de horizonte,
Em nuvens estranhas,
Com sua generosidade tamanha.

Quer ser vista,
Afinal, ela se sabe conquista!
Sabe-se imprescindível,
Insubstituível!
Acalanto,
Encanto!

Quanto melhor me sinto,
Mais me dispo!
Insisto,
Simplifico,
Mais concordo
E transbordo...

Irradio positividade,
Com considerável intensidade
E inabalável honestidade.
Imerso em afetividade,
- Sideral cumplicidade –
Nos braços da criatividade.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Trama Perfeita


Quando penso que já vi demais,
De todos os gêneros que habitam o mundo visível,
Só faço é me surpreender mais e mais,
Com esse processo utilizado pela vida, suprassensível,
De fazer as coisas acontecerem,
De adubar para suas flores crescerem.

As voltas, os ciclos, as inimagináveis contradições,
As aterradoras situações,
As rasteiras,
As ribanceiras,
Voar pela tarde,
A Arte!

Meu Deus! É tudo tão rico, tão deliciosamente inesperado,
Que fica difícil para normalizar a pulsação,
Sempre acelerada,
Alucinada.
Só as revelações,
Para exterminar com as pobres ilusões!

O roteiro seguido
Jamais foi intuído.
É o exemplo maior de originalidade,
Para quem se entrega à sensibilidade.
O preço é alto,
Assim como o salto.

A sensação é a de uma miopia sendo corrigida
Por lentes adequadas:
Tem-se uma nova concepção da vida,
Muito mais justa, mais precisa, menos equivocada...
Vale à pena abusar da atenção,
Para começar a rastrear os mistérios da Criação.

As surpresas constroem-se,
Ultrapassam-se,
Superam-se,
Excedem-se.
Só a ignorância sustenta o drama,
Para essa mais que perfeita trama.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Alívio




Há momentos, em que o impacto do momento,
É tão atordoante,
Tão desestruturante,
Que não há como esconder o sentimento...

Refiro-me às graves situações,
Que se apresentam como instantâneas prisões,
Particulares ou não,
Que causam emocional devastação...

Perdas inesperadas,
Tragédias não anunciadas,
Acontecimentos que escapam às previsões
E que não possuem soluções.

Colidem frontalmente.
Agridem violentamente,
Com uma fúria desconhecida
E uma agressividade desmedida.

O que nos sobra de imediato,
Para amenizar o estrago,
É o manto
Do indesejável, mas, por vezes, inevitável pranto.

Pôr para fora, em forma de salgada explosão,
Líquida inundação,
Todos os incômodos que estavam guardados,
O ranário inteiro da garganta...
Os espinhos cravados...
O tempo perdido,
O amor não vivido...

Toda a dor, que aproveita o instante e transborda
Levando consigo flancos das bordas...

Chorar!
Para descarregar
E não escorregar.
Para desabafar
E não amargar...
Ampliar o desabafo,
Para aliviar o peito sufocado.
Chorar por tudo,
Que se vê de errado no mundo.

Chorar
Até esgotar...

Chorar
Para poder voltar!

Chorar
Até o sol raiar...

E, novamente, iluminar!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Inesquecível



Alguns seres são assim mesmo: passageiros!

Entram na nossa vida,
Sem licença concedida.
Fazem uma baderna gostosa,
Com sua alegria valiosa.
Iluminam tudo!
Conquistam-nos no mais profundo.
Apontam nossos defeitos
Nossos piores trejeitos,
Mas, tudo delicadamente,
Pacientemente.

Cobrem-nos com seu carinho incomparável,
De forma irrefutável.
Afastam de nós todas as carências,
Todas as nossas indecências,
As temíveis inconsequências,
As famigeradas dependências!
Fazem barulhinhos engraçados...
Estão sempre animados,
Com seu bom humor inextinguível,
Com seu dengo inexprimível...

São criaturas privilegiadas,
Incontestavelmente encantadas.
Chegam para fazer acordar,
Para sensibilizar,
Sem que se perceba,
Ou se conceba.
Ícones de pureza,
De inconcebível leveza...
São bem espertos.
É recomendável tê-los por perto.

Eles nos entendem.
A energia que desprendem
Contagia o ambiente!
Querem nos ver contentes.
Pura magia!
Escancarada alquimia!
Impetuosos...
Calorosos!
Deliciosos...
Muito mais, muito mais que preciosos!

Esses pequenos companheiros

Como chegam, partem...
Sem comícios,
Sem avisos,
Com toda a luz que lhes cabem!
Sem estardalhaço,
Para nos pouparem dos embaraços
Das despedidas.
Preferem ser lembrados,
Pelas suas peripécias atrevidas,
Pelo enorme afeto cultivado.



Esse texto é uma homenagem ao gato Coquinho,
Que partiu hoje para alegrar o andar de cima, com seu jeitinho
De anjo,
Em forma de acalanto!

Absoluto em Mim



Nesse exato momento,
Todo o meu ser pulsa sentimento.

Tudo está me impactando,
De forma avassaladora,
Um tanto quanto constrangedora.
Sinto-me queimando,
Ardendo,
Irrompendo...

Sempre fui sensível, mas, nos últimos tempos,
Vivo em ininterrupto arrebatamento!
Olho à minha volta
E percebo uma invisível escolta...
Disponho também de alguns poucos amigos,
Que se esforçam para me acompanhar,
Para me proporcionar abrigo
De algum possível e provável perigo.

É como se eu fosse só coração,
Como se ele estivesse determinando a situação,
Sozinho,
Escolhendo e abrindo o caminho,
De acordo com seu critério
E todo seu mistério.
Uma experiência absolutamente intensa,
Abusadamente imensa.

Tenho constantes tremores,
Com diversificados sabores...
É um impacto seguido a outro
E as lágrimas escorrem pelo rosto,
Imponderáveis,
Indecifráveis!
Não são exatamente de tristeza,
Talvez, sejam um retorno à leveza.

O fato é que nunca tinha visto o mundo assim...
Inteiro, absoluto em mim!
Como se efetivamente, tudo me dissesse respeito,
Inundando e expandindo o peito.
Vejo as coisas como nunca tinha visto...
Sinto-as como se nunca tivesse sentido!
Os dados estão sofrendo um reposicionamento.
Parece até um renascimento!

Não sei, ao certo, aonde isso vai me levar.
Estou certo que preciso continuar.
Já passei do último retorno...
Agora é explorar esse novo contorno,
Essa alucinada forma de perceber.
De querer devorar o viver,
Do alto da corda sobre o abismo,
Esticada com emoção e preciosismo.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Todas as Dobras




No tempo em que eu era menino,
Tinha um mundo particular,
Em nada franzino,
Ao contrário, era exemplar!

Foi entre adultos, que fui criado,
Numa avenida de grande movimento,
Numa casa enorme, na capital paulista.
Era o Monumento do Ipiranga a nossa vista.
Então fui quase que obrigado,
A canalizar meus sentimentos,
Para a criação de um mundo paralelo,
Tendo com o mundo real, nenhum elo...

Ali todos voavam,
A maioria tinha capa de super-herói, larga...
Todos se amavam.
A mesa era farta!
Shows diários, um melhor que o outro,
Cantava como um louco.
Confesso que não tinha lá muito domínio da voz,
O que me causou certos embaraços e nós!!
Mas, era extremamente inocente e puro,
Ao mesmo tempo em que tudo era muito profundo.

Agora, na maturidade,
Identifico-me cada vez mais com a primeira idade.
Com o eu que ali existia,
Com sua fantástica utopia.
Que nem era tão utópica assim.
A base de todo aquele mundo é possível sim.
O que me levou a recorrer à criação,
Ou resgatar, lá no meu coração,
Um mundo paralelo,
Que, com o atual, tem nenhum elo...

Lá a lei é a sinceridade.
O alimento é a amizade.
Respira-se respeito.
É transparente o conteúdo do peito.
A obrigação é a compreensão.
O chão é a afeição.
O oceano é a criatividade
A brisa é a simplicidade.
A tudo permeia certa leveza,
Talvez, oriunda da extrema beleza,

Da maior das riquezas,
A insuperável pureza...

Tudo obedecendo a um único Imperador:
O Amor.

Em todas as suas formas,
Em todas as suas dobras.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Talvez, Pode Ser!



Talvez, venha da minha incerta e desconhecida origem,
Essa tendência à vertigem...
Esse arrepio perpétuo,
Que desafia os incrédulos
E perpassa minha existência,
Como natural consequência.

Talvez, seja atenção em demasia,
Debruçada sobre tudo o que se passa nessa autarquia...
Tento armazenar o máximo de informação,
Para entender melhor a situação.
Procuro os dados mais encolhidos,
Os condicionamentos mais esquecidos...

Talvez, seja apenas, o curso natural da minha história,
Essa busca incessante da mais antiga memória.
Essa preponderante necessidade
De suavizar a agressividade...
De contato íntimo com a eternidade,
De aproximação com a divindade...

Pode ser, que seja o excesso de sofrimento,
Pelo que passou meu argumento,
Até começar a perceber,
O que em mim não poderia mais se esconder.
Até enveredar pelo escrever
E, assim, em mim, apreciar o sol nascer.

Pode ser, que seja o escancarado emocional,
Que vem me mantendo no excepcional...
Essa avalanche ininterrupta de sentimentos,
Que me atravessa sem constrangimentos,
Independente da minha vontade,
A mando da redentora criatividade.

Pode ser, que seja obra dessa sensibilidade,
Que desdenha criteriosamente, toda essa mediocridade...
Que me faz flertar com a loucura!
Que me fez optar pela lisura.
Que me impôs a arte:
Alimento de tudo que em mim arde!

Não sei explicar.
Estou ocupado demais em vivenciar...
Em cantar,
Em criar,
Em escrever...
Acima de tudo: em bem querer!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sonho Azuldourado



Minha nave vai ter que decolar!
Nem que eu tenha que empurrar...

Essa crença é que me mantém nas cercanias do equilíbrio,
Flertando com certo brilho.
Tentando atrair em versos,
A positividade do universo.

Mantenho-me consciente,
Embora, um tanto impaciente.
Ainda há tanto para eu ver...
Principalmente agora, com esse novo perceber,
Com esse, mais abrangente, compreender,
Que me acena com uma melhor possibilidade de viver.

Sou meio lento.
Preciso de um considerável tempo
Para apreender,
O que a vida está querendo me dizer.
Sigo, em demasia, sentindo...
Na medida do possível, intuindo.
Tento extrair o máximo de cada lição.
Quero simplificar minha equação.

Estou abrindo mão de coisas que até a pouco,
Se me faltassem, ficaria louco!
Assimilei, finalmente, que alguns caminhos,
Não mais me levarão de volta ao ninho.
Muito pelo contrário,
Não fazem mais parte do meu itinerário.
Isso inclui algumas pessoas,
Que, apesar, de excepcionalmente boas,
Não podem mais me acompanhar,
Por natural separação no trilhar.

O que sei é que estou à beira de conseguir,
O que eu sempre quis exprimir!
O que eu sempre quis espelhar
E, principalmente, espalhar...
Compartilhar,
Entregar!
Por isso, não posso parar.
Tenho que continuar
A me direcionar,
Para o sonho encantado,
Azuldourado
De saltar

E voar!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sob os Ditames da Afeição




Abdiquei, espontaneamente, da palavra final.
Não faço mais questão de impor meu pensamento,
Mesmo quando estou completamente seguro do argumento.
Evitar discussão é sensacional!

Não tenho tempo para perder com a vaidade
De vencer, de ter a última palavra, numa conversa.
Aponta para outro lado minha seta.
Não me detenho mais com pequenas banalidades...
Tenho muito que semear,
Muita terra para arar,
Muito carinho por fazer,
Muito caminho para perceber!

Prefiro ver, no rosto, o sorriso,
Ao invés de fazer prevalecer meu juízo.
Aprendi a respeitar a visão alheia,
Mesmo que ela se apresente com a liberdade de uma cadeia...
As pessoas apegam-se ao seu ponto de vista,
Como se fosse verdadeira conquista.
Defendem-no com a própria honra!
Eu, pulo essa onda...

Estou aqui para perceber e evoluir!
Ainda que, para tanto, eu tenha que destruir
Todo o meu relicário,
Ainda que tenha que trocar mil vezes de itinerário.
Sei que posso ir mais longe.
Vai ficando progressivamente melhor o meu horizonte.
Não tenho preguiça de subir o monte,
Para beber da mais pura fonte.

São-me inúteis as vãs discussões.
Persigo as grandes constatações...
Reavalio, constantemente, minhas ligações.
Vasculho, minuciosamente, todas as sensações.
Absorvo cada passo,
Valorizo muito, cada abraço.
Existo sob os ditames da afeição.
O resto, para mim, é pura ilusão!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Momento Complicado




Quando o céu se fecha
E a vida parece que se nega,
A única cabível regra
É se fixar na seta,
Que aponta para cima;
Para a universal rima.

Catapultar a mente do centro do torvelinho,
Que nos faz crer que estamos absolutamente sozinhos,
Inivisivelmente acuados,
Desastrosamente desorientados,
Para o centro do mais elevado,
Com convicção,
Respeito e devoção,
É, indiscutivelmente o mais acertado.

Não adianta alimentar o sofrimento
Melhor mesmo é acreditar no celestial argumento.
Ir direto à fonte
Do nascente horizonte.
Entender que tudo acontece
Como tem mesmo que acontecer
Que cada dia é uma nova possibilidade
De se reencontrar a tranquilidade.

Subir mentalmente, o monte.
Deixar a água fluir sob a ponte.
Aceitar que nada ainda está definido,
Que não sabemos de tudo, o sentido.
Que poderia ser muito pior,
Basta constatar ao redor...
São posicionamentos
Que aliviam o padecimento.

Mais cedo ou mais tarde o tempo abrirá
O sol triunfalmente retornará.
Incondicionalmente iluminará
Nada é para sempre.
É preciso manter isso em mente.
Esse complicadíssimo momento passará.
Basta não se desesperar
E aguardar...

De preferência calmamente,
Equilibradamente.