domingo, 31 de janeiro de 2010

Sobre os Escombros



Quando o castelo em que se habitava, desaba...
O mais prudente é tentar salvar as asas.

A riqueza interior,
A única verdadeira nobreza!
Aquela inacessível ao exterior,
Responsável por toda leveza...

É o que permanece quando desaba o castelo,
Quando se rompem os equivocados elos.
Mesmo aqueles que nos serviram por algum tempo,
Mas que, agora, perderam o próprio argumento.

Esse momento é aquele em que se reconhece o pesadelo,
Em que se percebe o transtorno do peso,
Que se vinha carregando, sem perceber,
Sem, nem mesmo, em verdade, querer.
Uma distração, talvez, uma ilusão,
Pode conduzir a esse tipo desagradável de situação.
O importante não é detectar como se foi parar ali,
Mas sim, como sair dali.

Para tanto, é preciso estar seguro,
Do que é mais sagrado em seu próprio mundo.
Os dados inegociáveis,
Inalienáveis.
Os que não se pode abrir mão,
Sem perder completamente, o chão.
Os mais íntimos sentimentos,
Os que atravessam a impetuosidade do tempo.

A parte mais alta da consciência,
O núcleo da essência.
A fonte de toda a luminosidade,
Onde reside a tranquilidade,
O nível mais claro de discernimento,
O bom senso,
As legítimas necessidades,
Que permeiam a toda humanidade.

É nessa região,
Que engloba a razão e o coração,
Que se pode acessar a força para resistir;
Para não enlouquecer e desistir,
Por mais feio que seja o quadro,
Do querido castelo, desabado...
É onde se encontra o impulso para abrir as asas
E ir montar, bem longe, a nova casa.

Mais clara,
Bem mais iluminada,
Conscientemente mais adequada.
Alva,
Alta,
Toda branca!
Onde se possa desenhar a giz,
Toda a felicidade que sempre se quis.


sábado, 30 de janeiro de 2010

Só Lenda



Ah! Só rindo...
O rumo que as coisas estão seguindo...
Francamente!
Se fui o autor desse roteiro,
Prometo que esse é o último e o primeiro...
Honestamente!
Será que ninguém percebeu a complexidade da trama,
O excesso de crueldade no drama?

Mas, deixa estar...
Eu vou desenrolar.
Vou me virar
E me ajeitar...
Vou até caprichar
Para assim, me livrar
Da instabilidade,
Que ameaça a sanidade.

Essa é o último aperto.
Fechei-me o cerco.
Não admito mais tanta dificuldade.
Após a tempestade,
Vou me cercar de tranquilidade,
Vestida em simplicidade.
Vou me aprumar,
Para, em grande estilo, decolar...

Farei um favor a quem me aperta,
Seguirei para longe, em linha reta.
Sem deixar rastro,
Só lenda...
Assumi meu lema!
Espalhá-lo-ei pelo espaço,
Através de versos,
Intensos de tão confessos...

Quero distância das suas garras,
Da sua insanidade,
Da sua falsidade,
Da sua avareza,
Da sua infinita pobreza...
São bem outras, as minhas taras...
Esse tempo todo, o seu comportamento,
Foi só desalento.

Para escrever tive que me lapidar,
Não posso mais, com você, brincar de tortura...
Tenho compromisso com a altura.
Nem tente me rastrear,
Estarei inacessível à sua frequência,
Transmitindo para outra audiência,
Que há de levar a sério meu relevo
E, principalmente, que lerá o que escrevo.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Sol - Terra - Marte



Hoje, ao cair da tarde,
Acontecerá o alinhamento da Terra com Marte.

Acredito que alinhamento é uma palavra determinante,
A tudo preponderante,
Para os interessados em evolução,
Para os que se buscam
E não se assustam.
Com a coreografia
Da universal energia,
No palco da vastidão.

Alinhar os irrequietos pensamentos,
Os contraditórios sentimentos...
Os inconfessáveis desejos,
Completamente fora do ensejo...

Colocar dentro da linha do bom senso,
Da coerência,
A razão
E a emoção...
A consciência
E o argumento.
Demonstra sabedoria,
Mas solicita muita energia.

Para mover o estabelecido,
Para lembrar o esquecido...
Para roer a corda,
Que nos separa da Horda!

Para reconhecer os próprios enganos,
Ao invés de escondê-los sob transparentes panos...
Para voltar atrás
E entender que a vida pede mais...
Muito além de brinquedos materiais,
De conquistas sexuais...
De escaladas sociais,
De pantomimas sentimentais.

A vida exige uma entrega total.
Um envolvimento visceral,
Que não permite interpretações,
Nem boas intenções...
É entregar
Ou se retirar
Para o palácio do sombreamento,
Crivado de padecimentos,
Desnecessários,
Perdulários...

O alinhamento dos planetas,
Com a mais absoluta certeza,
Vai liberar uma quantidade
Considerável de energia,
Que poderemos canalizar,
Para aprimorarmos a sintonia
Com a eternidade.
Para tanto, bastará atentamente,
Profundamente,
... Respirar...

O resto estará a cargo da magia no ar!

Saída Pela Direita



Há momentos em que só mesmo saindo de cena,
Para tentar amenizar os estragos.
Recolher rapidamente os cacos.
Sair sorrindo amareladamente, pela janela pequena,
Pode até ser recomendável,
Diante de situação lamentável.

Não adianta ficar forçando uma harmonia,
Porque essa depende frontalmente da alegria.
Portanto, se existem os incômodos sentimentos
De humilhação,
De frustração,
De irritação,
De opressão,
Não há como ansiar por tranquilidade.
A insistência, pode até ser confundida com vaidade.
Por não querer dar o braço a torcer,
Quando o vento aponta para o que está a escorrer...
Quando não dá para negar,
Que existe algo a ocultar...

Numa situação aflitiva como essa, quase paralisante,
O melhor é dar-se um tempo,
Para se lembrar do que é realmente importante;
Para analisar calmamente o que habita no pensamento.
Obviamente, há que se aplicar toda possível sinceridade.
É certo que aparecerão as tempestades.
Mas serão as únicas,
Pois serão as últimas.
Depois disso é o caminho de volta,
Tendo a vontade por escolta.
É o triunfante retorno ao lar,
Depois de um longo e tempestuoso navegar.

Isso tudo só acontece sobre o solo do perdão:
A si mesmo, aos outros, ao planeta, à imensidão...
O próximo sentimento é de comunhão,
Seguido por uma constrangedora gratidão...

Nada pode empurrar para a autopunição,
De suportar uma terrível situação.

Já disse mais de uma vez que não acredito
No aprendizado pelo sofrimento.

É no extremo oposto que insisto.

Sei que sofrer
Rima com crescer,

Mas prefiro a rima de progredir
Com sorrir,

Para mim, a vida é um permanente arrebatamento.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Presente Noturno



Acordei de madrugada sufocado de calor.
Fui para a janela do quarto apreciar a noite e seu ardor.
A visão era: a varanda e a frente do quintal,
Iluminada por um único poste, de forma artesanal.
Uma goiabeira e uma jabuticabeira de cada lado,
À direita, uma palmeira imperial, menina ainda,
Em sua nobreza infinda,
Com seu crescimento desacelerado.
A cena foi animada pelo trânsito tranquilo dos gatos,
Em seus passos delicados.

De repente, um bater de asas nunca visto:
Esquisito,
Assustador,
Aterrador...

Pousou em um galho pelado da jabuticabeira,
Era uma coruja grande,
Com sua postura elegante,
Que, a mim se apresentava, pela vez primeira.

A uma distância segura, uma gatinha ainda filhote
Parou no meio do quintal, estarrecida...
Com aquela estranha visita,
Como quem analisa: será prenúncio de sorte?

Ficaram se entreolhando.
Minuciosamente se olhando.
A gatinha imobilizada,
A coruja, já mais relaxada.

Virava o pescoço analisando o ambiente,
Com a segurança
De quem sabe todos os passos de sua dança.
Pairava um silêncio eloquente.

Num movimento escandaloso,
Abriu as asas levantando vôo,
Causando-me um arrepio,
Oriundo do meu mais profundo vazio...
Pensei que ela iria atacar a gatinha, de alguma forma,
Por ela ter mergulhado em sua direção.
Parou meu coração.
Pensei em saltar a janela sem demora...

Como se isso fosse resolver,
O que, parecia, estava por acontecer.
Mas ela passou perto e desviou
Circulou e no mesmo galho pousou.

Volto a frisar a estranheza,
Quase aspereza,
Do formato de suas asas abertas voando:
Um sinistro encanto.

Não sei o tempo que nós três passamos ali.
Perguntei-me o que ela estaria fazendo aqui?
Qual a mensagem
Dessa magnífica paisagem?

A compreensão caiu sobre mim,
Com a clareza de uma história que chega ao fim:
De forma bem clara,
Diante daquela beleza selvagem e rara.

Meu espírito estava vestido da liberdade do condor.
Pronto para me libertar
E voar.
Mas, ainda não me livrei de toda dor.

Preciso antes, vesti-lo com a sabedoria da coruja:
Terminar de lapidar a conduta,
Para acontecer o alinhamento,
Que elevará todos os meus sentimentos.

Preciso me desapegar de Paraty
Antes de partir,
Para me vestir de Bahia,
Para sintonizar a nova sintonia.

Após a “brilhante” conclusão,
Dediquei-me, exclusivamente à contemplação.
Antes de ir embora, a coruja circulou de novo o quintal
Despedindo-se de nós, de forma magistral.

Dedico esse texto a meu amigo irmão parceiro musical Teddy!


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Resposta à Minha Amiga Déda



A vida manifesta só me ocupa uma parte.
Descoberta essa, feita através da arte.
Há mais, bem mais aqui dentro,
Quieto, calado, no centro...
Todo um compartimento intacto,
Que não se quer revelado.
Não está efetivamente pronto, codificado.
Ainda pulsa meio descontrolado.

Em alguns momentos toma à frente,
Quer chamar a atenção de toda a gente.
Quer revolucionar,
Quer desnortear,
Abrir a boca,
Deixar a multidão louca.
Acabar com a festa dos tiranos,
Alinhar todos os meridianos,
Numa determinada harmonia,
Que facilite a mais fina sintonia!

É quando entra em cena o bom senso,
Com sua sabedoria e cajado,
- Patrimônio conquistado -
Contendo o ímpeto a tempo,
Antes de cometer um memorável estrago,
Que por muito tempo seria lembrado...
Ainda não é o momento,
De se bradar esse alento.
O lugar desse grito, ainda é na garganta,
Onde, lentamente, se agiganta.

Mesmo quando minha vida se torna intensa,
A fome é imensa...
Só sessenta e cinco por cento, ou menos, entra em ação.
Mais ou menos trinta e cinco,
Pelo menos é como me sinto,
Fica sentado, com a cabeça apoiada na mão,
Observando atentamente,
Reparando,
Analisando,
Tudo, minuciosamente.

A parte digerida,
É transformada em poesia.
A outra fica ruminando,
Passeando,
Deslizando,
Pela atônita mente.
A ideia é unir os pontos,
Ligar os dados tantos,
Em busca de explicação,
Para a sempre surpreendente constatação.

Quando aparece a ansiada conclusão,
Aí é a vez do coração:
Inunda-me uma avassaladora emoção
Que a tudo toma, do céu ao chão...
Fico todo sensível,
Na presença inebriante do incrível.
Tombo a bombordo,
Transbordo...
Naufrago...
Para no final, erguer-me alado.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Redirecionar a Fome



A todo instante!
A emissão precisa ser constante.
Pensamentos firmes e positivos,
Hão de dominar a massa mental,
De um jeito definitivo,
Numa vitória fenomenal.

Não podemos nos distrair
Para essa meta atingir:
Alavancar, de uma vez, a evolução da humanidade,
Sob os auspícios da eternidade.
Já patinamos,
Já nos atrasamos,
Muito por demais, nas ilusões materialistas,
Nos brinquedinhos hediondos capitalistas...

Chega o momento de virar a moeda,
De estancar a queda...
Está mais que na hora de olhar para cima,
De aprimorar a rima,
De mudar o rumo
E ir fundo
Nos valores universais.
Ouço já, os tambores celestiais...

Com a mesma fome com que caímos no capitalismo,
Que nos especializamos no cinismo,
Na famigerada manipulação
E sua consequente degradação,
Temos que abordar a espiritualidade,
Com toda imaginável humildade.
Abusamos da violência,
Amordaçando a consciência.

Agora temos que correr atrás da nossa lapidação,
Já que vivemos tanto tempo em danação.
Embrutecemo-nos,
Inferiorizamo-nos,
Em troca de vinténs...
E, fomos além:
Esmeramo-nos na agressividade,
Na indigesta falsidade.

Precisamos da soberania da verdade,
Para recuperarmos a dignidade.
Precisamos reaprender a estender a mão,
E ao estendê-la, reconhecer o irmão.
Precisamos exterminar com as putrefatas instituições,
Que maculam nossas intenções.
Precisamos sim, zerar
E recomeçar!

Só que, dessa vez, um pouco melhor orientados
E, obsessivamente ensolarados!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Recado Dado



Era madrugada.
Saí para varanda, para ouvir a chuvarada.
Debrucei-me no canto esquerdo e ali estava a cena,
De uma plenitude obscena...

Um poste de luz aceso na frente da casa
E outro, na esquina transversal, era tudo que iluminava.
No quintal, uma grande goiabeira encostada no telhado da varanda...
E, o incomum, dois cavalos comendo mato...

Eu os pedi emprestados.

Tentavam se proteger sob a árvore e as telhas: abrigo duvidoso,
Para um tempo tão cavernoso...
Agora o inusitado,
Em volta dos cavalos, bailavam impunemente,
Delicadamente,
Mais de uma dúzia de vaga-lumes, tornando o momento encantado.

O jogo de luz e sombra provocado pelo vento
Na copa da goiabeira,
Serviu de iluminação para a coreografia.
Ressaltou o talento
Das pequeninas criaturas,
Que parecem viver em eterna brincadeira,
Numa inquestionável harmonia.
São provas evidentes do poder maior da brandura!

Quero crer, que fui chamado
Para testemunhar o momento e deixá-lo registrado.

O espetáculo - esse sim, merecedor do termo - durou alguns minutos,
Que, obviamente me quedaram mudo.
Instantes absurdos,
De tão plenos,
De tão belos!
Trazendo à frente,
De forma bastante convincente,
A afirmativa de que tudo vai sim, de uma forma ou de outra, dar certo.
Tudo está se encaminhando para o mais correto.
Para o melhor,
Para o bem maior.

Emocionei-me ao extremo...
À oscilação emocional, pus termo.
Agradeci sensibilizado,
Pelo claro recado,
Que me acordou
E me confortou.
Registrei as imagens, os requintes da ousadia,
Para compartilhá-los em poesia.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Rebeldia



Eu posso precisar a origem do brilho do meu olhar,
Que acaba de retornar.
Vem de longe, além dos sentimentos.
Lá, onde nascem os argumentos...

O importante é que voltou a calma
Proporcionando a expansão da alma.
Estava recolhida,
Um pouco encolhida,
Assustada com os não acontecimentos
E com a tempestade de aborrecimentos.

Até lembranças enterradas,
Sentiram-se convidadas
A me perturbar,
A me transtornar...
Como se já não houvesse apreensão suficiente,
Dentro da minha tumultuada mente.

Felizmente, consegui recolhê-las a tempo
Antes que se compactassem ao momento.
Afinal, já foram mais que choradas,
Muito mais que reverenciadas.
Não têm direito a qualquer reivindicação
Junto ao coração!

Quando a beleza de tudo
Desanda a ascender o meu mundo,
É que percebo que voltei ao meu lugar,
Cosmicamente privilegiado,
Para um poeta arrebatado,
Junto à imensidão do mar!

Cada volta tem sabor de vitória.
São inúmeras, pontuando minha história.
Algumas peculiares,
Outras espetaculares!
Mas todas apetitosas,
Incontestavelmente honrosas.

Isso é resultado de tudo que me aconteceu,
Exatamente da forma como ocorreu.
Com todas as personagens,
Moldadas em suas respectivas paisagens.
É o produto do aprendizado,
De um peito alucinado.

De uma determinação enorme,
De atingir e conquistar o próprio norte.
De uma inegociável vontade
De contribuir positivamente com a evolução,
Através da interior rebelião,
Que acordará, definitivamente, a humanidade!

O brilho no meu olhar vem da luminosidade
Implícita na simplicidade,
De se adotar a alegria,
Como forma eficaz de rebeldia.
Água pura da fonte,
Encantamento perene no horizonte!

sábado, 23 de janeiro de 2010

Quero Você(s)!!



Ah! Como eu quero!
Fraudar suas defesas,
Furtar suas certezas...
Transbordar todas as suas represas,
Proteger sua alma com delicadezas...
Trazer você pela mão,
Para dentro da nossa ilusão...

Estou entre você
E você...

Deixe suas duas metades se encontrarem em mim.
Deixe-as se fundirem dentro de mim...
Não exclua.
Entregue-se e me inclua.
É seu corpo gritando.
É sua alma dançando...
Você sabe que pode confiar
No seu impetuoso arrepiar.

Ah! Eu quero!
Nossos laços ainda mais estreitos.
Que nossos corpos sejam recíprocos leitos...
Ser seu ponto de convergência
E de referência.
Plantar com você uma dúzia de hortênsias.
Inventar novas possibilidades de vivências...

Não leve a sério
Seu lado ébrio...
Quero você sob amplos critérios,
Quero dividir meu império
De carinhos reinventados,
De cuidados delicados...
De apoio estrutural,
De afeição incondicional!

Sem receio,
Eu sou o seu melhor esteio...
O mais seguro,
O mais profundo,
Tanto depravado,
Quanto adequado...
O mais alucinado
O bem mais apaixonado.

Vou levar você
Até você...

Através de mim,
Por dentro
De seu centro.
Onde nos reconheceremos
E nos dissolveremos,
Por fim!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Quebrando o Muro



A violência está presente em tudo.
Infelizmente é a prova irrefutável,
Plenamente irrevogável,
De que há algo errado no mundo.

Na imprensa falada, escrita,
Em todas as formas de mídia,
Ela está presente,
Impertinente,
Como se não mais fosse possível,
Criar uma obra sensível,
Obter audiência,
Sem, no mínimo uma alusão,
Uma pequena participação,
Da aterradora violência.

Está nas casas,
Inviabilizando as asas.
No seio da família,
Transformando todos em ilhas...
Onde não existe confiança,
Muito menos esperança.
Onde está sempre franzido o rosto,
E a lei é a do olho por olho...
Até os supostamente infantis desenhos animados,
Foram profunda e assustadoramente contaminados.

Ninguém mais se sente plenamente seguro,
Daí o crescimento dos horrendos e particulares muros.
Em múltiplos sentidos,
Todos sem sentido...

Diante do exposto, seria ingenuidade acreditar
Que aos ambientes escolares, ela iria perdoar...
Só que nunca se imaginou,
Que chegaria aos indigestos entalhes a que chegou.
Talvez tenha sido bom,
Para abrirmos a cabeça e mudarmos de tom.
Precisamos irradiar o conceito
De que: violência gera violência,
Tatuar em cada peito,
Impregnar cada consciência.

Talvez caiba à escola, jogar essa semente
Para romper o círculo vicioso,
Horroroso,
A que se submeteu a mente.
Fazer pseudojustiça com as próprias mãos,
É atentar contra o irmão.
Somos sim, todos, farinha do mesmo saco.
Isso é fato consumado,
Provado
E confirmado.

Talvez caiba à escola, mostrar as vantagens do respeito.
O alcance e a profundidade desse conceito.
Esclarecer que quem agride é que é o fraco.
Que, muitas vezes, calar é o maior desacato.
Mostrar enfim, que existe outra possibilidade
De atravessar à vida,
Bem menos sofrida,
Com tranquilidade,
Com simplicidade,
Cultivando amizades.

Talvez caiba à escola, provar ao aluno,
Que não tem que estar contra ele, o mundo.
Que ele pode trair a memória...
Agarrar as rédeas de sua existência,
Ampliando sua consciência,
E mudar, radicalmente, sua história.
É essa a finalidade da educação:
Fecundar com boas sementes, o chão!


Esse texto foi encomendado por Janaína, como encerramento de um trabalho sobre violência escolar, para ser apresentado no curso de Pedagogia da Faculdade Internacional de Curitiba.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Privilégio




Eu acho conveniente deixar registrado,
Devidamente explicado
Que estou tão mais calmo,
Quanto mais emocionável...
Tenho tentado enxergar os dados mais do alto,
O que é bastante confortável.
A sensibilidade está em desavergonhada expansão,
Para desespero do meu irritadiço coração.

Acho que as duas características são positivas.
Se bem trabalhadas, podem ser bem construtivas.

Relaxado,
Tudo parece mais encaixado,
Menos pesado,
Mais adequado.
Fica bem mais fácil viver
E menos penoso querer se desenvolver.
A calma puxa a sabedoria.
A paz interior,
Lidar, satisfatoriamente, com o exterior,
São os responsáveis pela harmonia.

Meu emocional não está à flor da pele,
Nem leve,
Está à flor da aura,
Fazendo picuinha para a calma.
Mas, apesar da pacífica turbulência,
Tenho conseguido manter uma interessante cadência.
Entretanto, o que venho percebendo,
O que venho sentindo,
O que venho compreendendo,
O que venho intuindo,
É, explicitamente, impactante,
Efusivamente, emocionante,
Enorme,
A trilha iluminada da sorte.
É como se eu vivesse lá em cima, sobre um estreito fio,
Em permanente arrepio...

Isso não é, em absoluto, uma reclamação.
É uma constatação,
Um registro
De como tenho vivido.

Acho que era assim mesmo que eu queria:
Com essa mágica ardentia...!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Presente do Mundo



A manipulação me incomoda...
Faz-me querer sair da rota.

Não suporto vê-la estendendo seus tentáculos,
Hipnotizando a platéia para seu espetáculo!


Chegará o dia em que as coisas serão claras.
As deteriorações serão raras.

Será o fim do império da ilusão,
De toda solidão,
Porque veremos que somos todos muito parecidos.

Lembraremos do que há muito foi esquecido...

Só lidaremos com a verdade,
Nua,
Crua,
Viveremos em humildade.

Nada poderá ser oculto,
Nenhum vulto...
Apenas claros reflexos,
Apontando os nexos,
Os sentidos,
Os destinos.

Sem parábolas passíveis de múltiplas interpretações,
Geradoras de humilhantes decepções,
De desconcertantes desagregações,
De milenares demolições.

Tudo bem explícito:
Todos os sentimentos,
Todos os pensamentos,
Até os implícitos!

Todos os motivos,
Todas as razões,
Sem enganações,
Nem desvios.

Será o fim das desqualificadas traições,
Das duvidosas situações,
Das falsas orações,
De todas as explorações!

Existirão oportunidades cabíveis a todos,
Incluindo os loucos...
Será a regência
Da transparência!

O desarmamento será consequente,
Posto que não haverá a possibilidade de conflito,
A oportunidade de atrito.
Uma paz eloquente!

Tudo estará explicado.
O máximo possível de conhecimento será espalhado.
Harmoniosamente,
Homeopaticamente,

Para que a humanidade tenha tempo de se adaptar
A esse novo respirar,
Totalmente puro...
O fim dos muros!

Presente do mundo!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Lição Haitiana




Até quando, precisaremos de tragédias, para nos unirmos?
Até quando, precisaremos de catástrofes, para sentirmos,
Para nos lembrarmos, que somos todos irmãos?
Que nos é fundamental, para continuarmos a existir,
Que mantenhamos estendidas as mãos?
Não nos resta outra opção para prosseguir!

O Haiti está nos fornecendo uma lição, que espero, seja definitiva.
Ali, a vida era tão precária, quanto aflitiva!
Se as nações souberem agir planejadamente,
A existência haitiana brotará mais forte, indubitavelmente.
Com os preciosos recursos,
Oriundos de todas as partes do mundo,
Os sobreviventes poderão se erguer
De forma mais humana, do que estavam a subviver...

Muitos, ainda, partirão doentes...
Outros, irremediavelmente, dementes!
A dor enlouquece.
O convívio com a morte enfraquece.
Mas, os que suportarem,
Os que, heroicamente, aguentarem,
Terão a chance de ver nascer uma nação,
Acima de qualquer ilusão.
O haitiano tem tendência à alegria.
É pacífico. Só precisa de harmonia.

O que me pergunto é: por que só agora o mundo se mexeu?
Por que, só agora, a humanidade percebeu,
Que era preciso ajudar aquela população,
Não só com dinheiro, mas, principalmente, com orientação.
Sem segundas intenções,
Ou maquiavélicas manipulações...
O Haiti se transformou numa excelente oportunidade,
De o homem exercer sua humanidade,
De estender o manto da cumplicidade,
De multiplicar sua sensibilidade.

Por enquanto, estamos indo bem.
Será preciso ir além...
Fazer o que nunca foi feito, nunca foi testado.
Por isso, exatamente, aposto num positivo resultado.
O poder invencível da solidariedade,
Há de brilhar com toda sua potencialidade,
Com sua energia renovadora,
Incrivelmente, inspiradora...
Há de alterar, completamente, a configuração do planeta.
Tenho a mais absoluta certeza!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Prenúncio



Cada situação adversa, em que se consegue manter o equilíbrio,
Faz aumentar o interno o viço,
Fortalece,
O processo evolutivo agradece.

Quando tudo parece querer fazer gritar,
Quando tudo está a desmoronar,
A incomodar,
A irritar,
A apertar,
A estrangular,
Mas, mesmo assim, conseguimos manter o trem da sanidade no trilho,
Progressivamente, é intensificado o interior brilho.

Sente-se mais forte,
Mais conectado com o Norte.
Fortalecem-se as fibras,
Iluminam-se as trilhas.
Aparece uma pitada sadia de orgulho,
Por ter evitado o insano mergulho,
Nas fraquezas humanas,
Por vezes, tão insanas...

Obviamente, nem sempre é possível resistir
À tentação de destruir,
De perseguir,
De desistir...
De devolver o sobressalto,
De mandar tudo para o alto,
De escancarar a verdade,
De desnudar toda a falsidade!

Entretanto, quando se vai para cima,
Quando tudo empurrava para baixo,
Enriquece-se a rima,
Surge uma força por debaixo...
Encaixa-se a coluna,
Preenche-se uma lacuna,
Fica mais fácil passar pelas fases,
Desponta um rosado nas faces.

Depara-se com um apetitoso gosto de vitória,
Digno de ser registrado na memória.
Uma sensação de bem estar,
Uma suavidade ao expressar,
Uma constatação de força,
Que há de nos livrar da egoísta forca...
Uma tranquilidade,
Que prenuncia a felicidade!

domingo, 17 de janeiro de 2010

Recluso





Estou de volta ao meu ninho.
Desgastei-me por demais, por quase nada.
Preciso ficar um tempo sozinho,
Para ter a energia recuperada.

Para tanto, conto com os ingredientes principais do meu mundo:
A casa, a companhia e o carinho da filharada: meus bichos!
Eles, como ninguém, conseguem me recolocar nos trilhos,
Mesmo que eu esteja vindo de um desgosto profundo.

Tivemos apenas, um ameaço de temporada,
- Em meio a trovoadas -
Que já se deu por encerrada.
Os sonhos foram levados pela enxurrada.

Não houve prazer, muito menos diversão.
Apenas ansiedade e preocupação,
Seguidas de espanto e desolação...
Foi como se o calendário pulasse uma estação:

Justamente, a mais esperada, o verão!

Na virada do ano,
A alegria virou desengano.
Perda de capital investido,
Centenas de empregos perdidos...

Os turistas horrorizados,
Debandaram ensopados.
A população assistiu a tudo,
Sob a sombra de um sofrimento mudo.

Os cancelamentos de reserva multiplicaram-se.
Todas as fragilidades escancaram-se.
Ninguém sabe como vai ser
O próximo amanhecer.

Um astral estranho tomou conta da praia,
Com sua beleza vazia.
Dói muito vê-la assim...
Segui o seu conselho: voltei-me para mim.

Recluso, continuo escrevendo
O que vou percebendo.
Aguardo o próximo amanhecer,
Que há de ser pleno, como esse escurecer.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Prazer Imenso




A questão não é se estou ou não, com os pés no chão.
É definir o que eu adotei como chão.
Obviamente não é o lodo da maioria,
Adornado com os frutos da hipocrisia.

Desse espaço, levantei os pés há tempos.
Assim que eu soube da existência de um movimento,
Que propunha a libertação do estabelecido,
Que já devia ter sido superado e esquecido.
Afinal, os resultados que podemos observar,
São de uma incoerência de lascar...
São elitistas,
Extremamente separatistas,
Enaltecem o egoísmo,
Base do famigerado capitalismo.

Para tentar conviver,
Sem enlouquecer,
Nem ceder,
Tive que transcender.

O meu solo é outro.
Está estampado em meu rosto.
Minha razão,
Impulsionada pela inspiração,
Deu um salto...
É outro o meu palco!

Onde habito,
De onde não saio, insisto,
Não existe essa ambição mal sã.
Constrói-se, a todo o momento, um novo amanhã,
Pleno de afeição,
Em cada grão.
É lei compartilhar o bom.
A tudo perpassa, embala, um lindo som.
Só existem as primeiras intenções,
São estimuladas as elevadas sensações.

O “bem comum” é sempre a meta.
A irmandade é a única via e é reta.
Não existem desvios, nem ópios.
Vive-se praticando o óbvio,
Com todas as janelas da consciência,
Completamente abertas.
É celular a solvência,
São etéreas as cobertas,
Bem como os abrigos.
Foram superados todos os juízos.

A vida manifesta-se em poesia,
Ou seja, na mais pura harmonia!

O existir é intenso,
O prazer, imenso...!


Dedicado a Marilene Rangel Plessier

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Por Trás de Tudo



Apavoro-me quando vejo alguém
Depositar toda a possibilidade
De realização e felicidade,
Nos braços de outrem.

Um equívoco tão desagradável,
Quanto lamentável.
Aquele tipo de situação,
Que além de provocar um aleijão,
Não tem como dar certo.
Traz desgosto, amargura e isso é certo.

Deixar-se cegar pelo objeto da paixão,
Fazendo dele o ar da sua respiração,
Só é bonito nos versos dos antigos poetas,
Que, aliás, tinham o sofrimento como meta.
Para quem deseja a plenitude de um relacionamento,
Essa postura só vai assegurar medonhos aborrecimentos.

Tenho visto pessoas se prestarem a papéis subumanos
Sem nem terem noção dos irreparáveis danos,
Que estão se causando ao se submeterem sem restrições,
Às loucuras, aos desejos, às corrosivas emoções
Da pessoa amada,
Sem desconfiarem que o fim será o desconcertante nada...

Pessoas cultas, educadas, esclarecidas,
Diante da paixão, quedam-se esquecidas.
Perdem o conceito de bom-senso.
Atrapalham-se com a canção do vento,
Enrolam-se, completamente, com a ilusão de um alento.
Maculam, sofregamente, a passagem do tempo.

Eliminam radicalmente a autoestima,
Impossibilitando assim, qualquer tipo de estima.
Imaginam que estão amando,
Quando em verdade estão naufragando
Numa viagem egocêntrica,
Danosamente excêntrica.

Após ter embarcado nessa viagem,
Afirmo que o AMOR tem outra paisagem.
Não pode lembrar os tormentos de um filme de terror.
Não pode humilhar, nem mal tratar, nem causar dor.
A não ser aquela dorzinha gostosa da saudade,
De ter a pessoa perto e ser só tranquilidade.

O amor não subjuga
Nem julga.
Não destrói,
Nem corrói.
Não exige prova,
Comprova.

O amor não deixa largado na poltrona,
Porque simplesmente não abandona.
É arguto
E não astuto...
Não pode ser um tormento para os seus,
Por claramente ser a revelação de Deus.

Qualquer impressão oposta a esse conceito,
Não tem jeito,
Pode ser no máximo uma paixão,
Que, fatalmente, terminará em desilusão.
O verdadeiro amor é o que está por trás de tudo
O que já se manifestou,
Que se manifesta
E que ainda se manifestará em todos os mundos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Porto Príncipe



A tragédia desperta a solidariedade,
Altera as metas da humanidade,
Faz brotar recursos,
Muda todo o percurso.
Traz à tona o sentido de irmandade,
Potencializa a humildade.

Sob o seu pano vermelho,
O outro passa a ser o espelho.
Mediante toda a tristeza,
Reaparecem algumas básicas certezas.
Quando a destruição impõe sua presença,
São revistas todas as crenças.
Os corpos mutilados,
Gritam desesperados.

A destruição compacta,
Vigorosamente impacta.
Desacomoda tudo,
Empalidece o mundo.
Causa medonhos arrepios,
Faz o corpo estremecer em calafrios.
Dói,
Corrói...
Mina,
Aniquila...

É tanto sofrimento,
Que se espalha feito um pavimento,
Nublando a visão,
Da terrível devastação.
Perde-se de tudo, a noção,
Abdica-se de toda ilusão.
Lágrimas queimam como lava,
Mediante o poder da natural clava.
Enterra-se o ego,
Sente-se cego...
Abandonado pela sorte,
Nos braços incompreensíveis da morte.

Sei que deve haver uma explicação,
Embasada nos desígnios da imensidão.
Mas, francamente:
Que crueldade demente!
Aterradora,
Enlouquecedora.
Se o homem não acordar perante tal violência,
Que exaltou sua impotência,
Não sei mais o que será preciso,
Para o nascimento de um novo juízo,
Que respeite as leis naturais,
Os códigos siderais.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Pequenos Retoques



Se eu pudesse acrescentaria um pouco mais de beleza,
Retiraria toda rudeza,
Injetaria uma boa dose de tranquilidade,
Na tela da humanidade.

Subtrairia muitas curvas da estrada,
Capricharia bem mais nas pinceladas,
Cavaria leitos específicos para as enxurradas,
Eliminaria as emoções contaminadas,
Todas as cenas reprisadas,
Todas as antenas quebradas.

Faria com que os espelhos refletissem o interior,
Dissertaria por horas sobre as vantagens,
De revolucionar através do vital ardor...
Induziria a abandonar as materialistas bobagens.
Trocaria todas as bagagens,
Que não se adequassem a nova paisagem,
Menos solitária,
Mais solidária.

Construiria pontes,
Para interligar todos os horizontes.
Exterminaria com todo tipo de competição,
Erva daninha que contaminou o chão.
Incentivaria todos os verdadeiros talentos,
Comporia os mais suaves alentos,
Para embalar esse fantástico despertar,
Que já está perambulando pelo ar,
Discretamente,
Incontestavelmente.

Plantaria florestas inteiras de perdão,
Para alimentar todo tipo de compaixão.
Suavizaria os gestos,
Traria transparência para o afeto.
Humanizaria o concreto,
Valorizaria tudo que fosse bom e direto.
Faria desaparecer a hipocrisia,
Da humana melodia.
Musicaria todas as falas,
Premiaria todas as fadas.
Transmutaria o mal fadado capitalismo
Em construtivo idealismo.

Recolheria a tristeza,
Desabonaria todas as materiais certezas.
Questionaria toda e qualquer liderança,
Que não rimasse com esperança.
Apresentaria uma nova visão do sexo,
Com um pouco mais de nexo...
Dissolveria todo egoísmo,
Enalteceria o lirismo,
Com sua visão acetinada,
Regeneradoramente encantada.
Lecionaria como língua, o afeto!
Instituiria o amor como teto...

Assim substituiria o ópio,
Pelo ótimo!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Pensar é Bom!!




Sinto um prazer enorme, com as coisas que vou descobrindo.
Um certo júbilo, um orgasmo mental,
Quando pressinto dois pontos se unindo,
A serviço da magia celestial.

Ampliam-se os sentidos,
Desaparecem todas as carências
E deficiências.
É como se o percurso tivesse sido corrigido.
Dá uma sensação de segurança,
Seguida de esperança...
Um resultado bem saudável,
Explicitamente agradável.

Gosto de ficar saboreando a descoberta,
Dissecando-a, para qualificá-la como certa.
Imaginando o que a ocasionou,
Que quadro é esse que se configurou...
Tento decifrar as implicações,
As ramificações,
Se possível, até as mais íntimas intenções,
Antes de equalizar as conclusões.

Normalmente, recorro ao pensamento mentalista,
Mas, gosto de pesquisar também os espiritualistas,
O aroma do oriente,
O tempero do ocidente...
As grandes mentes
E, principalmente,
A sabedoria da natureza,
Exemplo único de soberania e nobreza.

Quase sempre o entendimento final,
Conta com o essencial,
Que une todos a tudo,
Que mantém o mundo,
- Apesar dos pesares,
De todos os pseudoczares,
Ainda na confiança,
De uma próxima e evoluída bonança.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Pela Margem



Palavras de Lupy:
“As pessoas vivem em exaustão umas com as outras”...

Concordo e completo:
Vivem inseguras, trancadas em suas ostras.
A sensação de impunidade geral,
A violência global,
A ridícula atuação do poder judiciário,
O desvio do humano itinerário...
Em todas as novelas, a manipulação
Como principal atração,
A inversão total de valores,
Tudo isso gerou esse circo de horrores.

A tolerância foi esquecida,
Diante da material corrida.
Faz-se de tudo por dinheiro.
Corrompe-se por inteiro.
A ética, em todos os setores,
Com todos os seus valores,
Foi abandonada.
Tomou o seu lugar a ambição desvairada.
A mais torpe das ilusões,
A mais desafinada das canções.

A confiança está hospitalizada
E passa mal.
Foi atropelada pela falta de respeito,
Pelo desconhecimento do que se carrega no peito.
A inveja esburacou a estrada.
A frustração mantém a visão truncada,
As crenças corrompidas,
Deixou a verdadeira fé esquecida.
O sexo raso, ralo,
Mantém a humanidade marcando passo.

Em nome da conveniência,
Falsificam-se amizades,
Transmutam-se as aparências,
Mudam-se os discursos,
Alteram-se os cursos,
Cometem-se barbaridades...
É um jogo de vale tudo,
Insano, absurdo e imundo,
Absurdamente injusto,
Plenamente corrupto.

A intolerância se generalizou,
A agressividade deflorou
A personalidade,
Que explode por qualquer banalidade.
A falta de escrúpulos,
Ergueu um horrendo muro,
Cimentado pela traição,
Que campeia livre pelo chão.
A inconsequência
Tomou o lugar da consciência.

É tanta mentira em toda parte,
Inclusive naquilo que se chama de arte,
Que o ser humano não sabe mais distinguir
Claramente, objetivamente, para onde ir.
Uma pequena fatia da humanidade,
Está realmente, interessada na verdade.
Superou o crônico egoísmo,
Desprezou o capitalismo.
Caminha pela margem,
Já que o rio está infestado de bobagens.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Panta Rei



É lei universal,
Aplicável tanto no micro,
Como no macro,
Tanto em cima,
Como embaixo;
Soberana, básica, incondicional.

Heráclito intuiu
E proferiu
Usando autoridade de rei:
Panta Rei!
Tudo muda, flui como o rio
Do nada ao vazio,
Do raso ao fundo
Tudo que há no mundo.

Todos os reinos,
Todos os conceitos,
Toda estrutura,
Toda cultura,
O poder,
O dever.
A fase,
A base.

As placas tectônicas,
As pretensões astronômicas...
A crítica,
A política.
O som,
O tom.
A nação,
A noção.

A impermanência
Da existência
É aterradora,
Avassaladora.
É ditatorial,
Plural,
Essencial,
Absolutamente genial.

Nada é para sempre.
Tudo passa por entre
E se transforma,
Ao som de celestial horda.
Contínua mutação,
Base da própria ação.
Desconhecida direção,
Comandada pela e para a evolução.

Exercer afeição sem apego,
Demonstra respeito e zelo:
- Ao que, realmente, importa;
Mantém esticada a corda;
- Ao que compõe essa sinfonia,
Desenhando a irreparável alegoria;
- Ao que está por trás de tudo,
O mais profundo!


Deixar a vida fluir
Sem muito interferir,
Adaptando-se,
Moldando-se,
Facilita o prosseguir,
Proporciona o sorrir!
É imprescindível,
Para se presenciar o incrível.


P.S. Dedico esse texto à minha amiga Regina Coelho

sábado, 9 de janeiro de 2010

Palha do Ninho



Promessas não me prendem mais,
Principalmente, as circunstanciais...
Aquelas que de tão oportunistas,
Arrepiam até os mais otimistas...
Consigo enxergar o que há por trás.
Sei do que o ser humano é capaz...
Não desacredito.
Mas, só acredito,
Depois do fato consumado,
Até então, permaneço quieto, calado.

As pessoas não pensam antes de falar,
De prometer,
De assegurar,
De comprometer.
A palavra está totalmente desvalorizada,
Absolutamente deturpada.
Não se reconhece mais o seu poder.
A banalização a faz retroceder...
O seu uso indevido
É um cósmico delito.

A agressão verbal
Pode ser tão letal
Quanto à física,
Quanto à química...
Pode torturar
Paralisar,
Castrar,
Invalidar...
Pode alterar o corpo emocional
De forma desproporcional.

Já a palavra amiga
Abriga,
Acolhe,
Recolhe,
Ampara,
Repara,
Conclama,
Aclama...

Não há mistério,
Nem segundo critério.
Não é ocasional,
Nem sazonal.
Não é negociável,
É inapelável.
Não é opcional
É racional.
Não é relativo,
É imperativo!

Não é cíclico,
É bíblico!

Com o que sai da boca, é preciso cuidado,
Muita atenção,
Para gerar bons resultados,
Para atrair o melhor do irmão!
Para conviver bem,
Para gostar de alguém...
Para se sentir respeitado,
Para se ver realizado...
A boa palavra abre caminho,
É a palha do ninho.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Outro Tom




Nem sempre vou pelo caminho mais perto.
Tento seguir o que entendo por certo.
Às vezes, me enrolo, um pouco,
Fico quase louco,
Mas, não sei mudar de estrada.
Para mim, a rua tem que estar iluminada.
Sou excessivamente criterioso.
Acho a falta de ética, algo perigoso;
Um bumerangue que pode causar danos
Maiores que os próprios desenganos.

Esse rigor foi-me impingido
Pela austeridade de uma educação,
Calcada nos rigores do leste europeu.
Fato que me deixou consideravelmente inibido.
Enfrento bloqueios interiores para entrar em ação.
Fui criado para um mundo que nunca aconteceu,
Nunca existiu.
Dado que, justificadamente, me confundiu.
Tive que revisar todos os conceitos,
Que habitavam meu peito.

Isso deixou uma insegurança perene, ao fundo
De todo o meu mundo.
Limitou-me,
Intimidou-me.
Esse é o fato determinante, que me leva a optar
Pelo rumo que consigo e não pelo mais adequado.
Cada passo dado é um verdadeiro acontecimento,
Uma vitória gloriosa sobre o acanhamento.
Reconheço a existência de outras posições,
Mas me contento com as soluções,
Que se pareçam comigo,
Com a bagagem do umbigo.

Não tenho qualquer destreza para lidar com a brutalidade,
Que campeia, impunemente, na atualidade.
Não entendo a burocracia.
Tenho profundo repúdio pela hipocrisia,
Pela política dos relacionamentos,
Que mascaram os principais sentimentos.
Desprezo o capitalismo...
Combato, com todas as forças, o egoísmo.
Enojam-me todas as formas existentes de governo.
Penso na humanidade em outros opostos termos.
Acredito estarmos desprezando o que é bom.
Precisamos, urgentemente, trocar de tom.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Oportunidade




Os momentos de transição
Embora pareçam aborrecidos,
De tão incisivos,
São verdadeiros semeadores de possibilidades,
Excelentes oportunidades,
Para fazer ajustes na evolução.

São indicados para fazer uma faxina geral,
Tanto mental, como emocional,
Passando pelo comportamental,
Sobre a base do espiritual.
Revolver tudo,
Até o mais profundo...
Longe da influência de qualquer vaidade,
Imerso em sinceridade.

Colocar de lado todas as bobagens,
Aliviar todo o desconforto da bagagem.
Manter a mente aberta,
A atenção em alerta,
Administrar as sensações,
Reavaliar as relações.

A fase é propícia para uma introspecção criteriosa,
Uma autoavaliação honrosa,
Distante da indulgência,
Acertando a cadência...
Corrigindo a melodia,
Para engrandecer a sinfonia,
Que se quer bem arranjada,
Para ser devidamente interpretada.

São momentos intensos,
Por vezes tensos...
São decisivos,
Não admitem paliativos.
Favorecem a consistência
Da consciência.

Existem para não deixar pedra sobre pedra,
Abrigam-se no interior das serras...
São sedutores,
Edificantes,
Construtores,
Empolgantes...
Têm que ser encarados com naturalidade,
Para serem explorados com tranquilidade.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Primitivo!



Aqui, na Costa Verde Sul Fluminense,
Aprendemos a temer o céu quando se nubla,
O mar quando se turva,
Os pássaros, quando se calam,
Os sinos de vento, quando disparam...
A ventania, quando nos vence!

A região está terrivelmente afetada pela loucura climática,
Fruto, como todos o sabem, da humanidade lunática,
Dura de entender,
Cega de perceber
O que está bem à sua frente,
Gritando de forma incandescente!

No ano passado fez frio em janeiro,
Tivemos a tromba d’água a nove de janeiro.
Todos sabem o que já aconteceu nesse janeiro.
Choveu quase o ano inteiro!
Com o acontecimento em Angra,
Nosso braço solidário sangra!

Agora, quando as nuvens chegam enegrecidas,
Nossas almas quedam-se entristecidas.
Virou uma espécie de alarme interno,
Uma reação física,
Aflita,
Encomendada pelo desequilíbrio externo.

Essa reação soa-me como algo primitivo,
Selvagem,
Indígena, ancestral!
Aprendemos a ler a marítima mensagem,
A interpretar o vento, quando aflitivo,
A passarada, quando debanda,
A natureza, quando visceral,
Decanta!

Não quero que isso soe como uma reclamação:
É uma constatação.
A população foi forçada a desenvolver um tipo de sensibilidade,
Sob a chibata da calamidade!
Também não posso me furtar.
Faço questão de registrar
Que paira sim, sobre a cidade,
Uma egrégora de intranquilidade.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Ofício Sagrado




O exercício da arte
Tem me levado a descobrir
Os melhores segredos da tarde,
As mais refinadas sensações,
As mais inconcebíveis percepções.

Fato esse, que tem me estimulado a prosseguir,
Dentro dos parâmetros escolhidos por mim,
Numa espécie de sequência alegórica que não tem fim.
É o que mais se adéqua ao meu jeito,
O que me apazigua o peito.

É como se regressasse à primeira praia,
Onde o sol, até hoje, raia...
Como se estivesse à minha espera,
Para revelar os entalhes das esferas,
Que enaltecem o mundo.

Aqueles... que calam mais fundo
E me fazem querer aprimorar
O cantar!
Cobri-lo com o mais aveludado tecido,
Para justificar o impacto nos sentidos.

É como se me saltasse aos olhos,
Como se transbordasse por todos os poros,
A necessidade de adequadamente interpretar,
A sensibilidade que me vem abençoar,
Envolvendo-me num turbilhão!

Argumentando que tudo está a serviço do coração
E que é minha obrigação: escrever!
Para fazer transparecer
Esse dia que vem nascendo,
Essa alquimia que está florescendo...

Finalmente,
Decididamente,
Abusadamente,
Ininterruptamente,
Consistentemente!

Ela só me pede que continue a cantar,
A atuar,
A me disponibilizar
À poesia:
A celestial semente dessa nova sinfonia!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sem Volta



Toda etapa final é complicada,
Arredia e delicada.
Ainda mais quando envolve tantos acontecimentos,
Tantos avassaladores sentimentos.

Dá vontade de desistir,
De entregar o jogo...
Parece que se passou do ponto.
Fica muito difícil prosseguir.

Fica a impressão que se acordou tarde demais,
Para atitudes mais radicais,
Para mudanças mais viscerais,
Para posturas mais liberais.

Os dados achatam-se,
Misturam-se,
Recusam-se a rolar,
Desandam a irritar...

Mas, só fazem confirmar
A grande prioridade que é: mudar!
Pela clara impossibilidade de continuar
Nesse consentido naufragar.

Esse é o meu momento:
Enrolado e lento, muito lento...
A sucessão de dificuldades
É um elogio à criatividade...

Sigo, não porque seja um guerrilheiro belicoso
Ou, heroicamente corajoso...
Sigo, porque não há retorno.
É o que grita o meu corpo.

Não sobrou outra opção
Aceitável ao meu coração,
Tão maculado,
Quanto alucinado.

Ele não desiste:
Insiste!
Às vezes, se altera,
Mas, logo se recupera.

Quer novos sabores,
Baianos humores...
Quer ouvir os celestiais rumores
E expandir os internos ardores.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Regado a Mar



Na luz do seu olhar
É onde eu quero estar, amor

Para apagar o medo
De sentir o enlevo,
Dessa tarde fria,
Suas mãos nas minhas.

Unidos num pulsar,
Os sinos loucos a dobrar,
Por sobre os rios,
Por entre os risos,
A nos emocionar.

A nos acarinhar,
A nos enfeitiçar
E acalmar,
Com a brisa que sobe pelo mar...

Na luz do seu olhar
É onde eu quero estar, amor

Quando acordar bem cedo,
No aconchego do sossego,
Para escrever nossa história,
Como nunca se leu na memória,
Duas almas, duas vidas,
Única saída!

E eu que já não via
Qualquer utopia,
Só o que sentia,
É que eu sofria...

Mas, aí você chegou
E o quintal iluminou,
Com tanta emoção,
Era a paixão!

E eu cantei as canções,
Das primeiras sensações,
Aquelas emoções,
Dos primeiros verões,
Regados a mar
E a muito Amar!

Na luz do seu olhar
É o melhor lugar, amor

Para viver sem medo
E sentir o enlevo,
Dessa tarde quente,
No seu corpo arguente.


P.S. Essa minha criação é letra de uma canção do amigo Louis Plessier

sábado, 2 de janeiro de 2010

01 de Janeiro de 2010



Uma manhã estranha,
Tacanha,
Com pássaros calados,
Acuados...
Todos os gatos
Arrepiados!
A serra encoberta,
Por uma nuvem indiscreta.

E chuva!
Muita chuva!
Só chuva!

Choveu a noite inteira.
Fez, novamente,
Cruelmente,
A cidade rolar suas ribanceiras...

Ficamos o dia todo, isolados,
Sem energia,
Desprovidos de alegria:
Estupefatos,
Devastadoramente alagados.

Estava de volta o infortúnio,
Em forma de dilúvio.

Os turistas, revoltados,
Querem ser reembolsados.
Afirmam que foram lesados,
Ao pagarem adiantado.
Os hoteleiros encurralados,
A tudo escutam calados.

Não há televisão
Nem pão...
Muito menos ilusão!

O sorriso desapareceu das ruas
Enlameadas e cruas!

Continua a chover
E a população, a se entristecer!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Menina Eterna



A primeira da década,
Saliente pétala,
Há de ser branda,
Imaculadamente branca!

Carregada de positividade,
De construtiva eletricidade,
Despojada de todo tipo de cobrança,
Cravejada de esperança.

Chega sob aplausos,
Em um já iluminado palco.
Chega um pouco tímida,
Eterna menina!

Plena de vida,
Enriquecida na pureza
De uma inspiração incontida,
Embebida em delicadeza.

Já sabe o seu papel:
Apontar para o céu,
Elevar,
Enlevar!

Vem com a responsabilidade
Do afeto conquistado,
Do teto estrelado,
Do compromisso com a verdade!

Está determinada
A guiar a estrada.
Está infinitamente grávida,
Totalmente ávida.

É bioluminescente!
Primeiro elo da corrente.
Quer-se envolvente,
Adequadamente eloquente!

A primeira poesia
Nem esperou pelo dia,
Invadiu a madrugada,
Persistente e determinada.

Trouxe o recado
Que tudo vai dar certo:
Bastando, apenas, permanecer desperto,
Caminhando reto,

De peito aberto,

Cada vez mais simplificado,

Mais e mais emocionado...

Desmistificando todas as fronteiras!

Desintegrando todas as barreiras,

Com sua cadência faceira.

E sua luminosidade certeira!