sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Canteiro



E se não houver amanhã?
O que você fará com sua filosofia vã?
O que será de todo seu preconceito?
De que terá adiantado
Ter hermeticamente trancado
O seu conturbado peito?

Não me leve a mal
Sei que estou sendo radical,
Mas não existem mais certezas.
De que adiantam as novenas,
Se você não desfrutou das tardes serenas...
Se você não aproveitou as noites amenas,
Crivada de estrelas pequenas.

E as manhãs ensolaradas?
Você permitiu que elas o atingissem
E ao seu horizonte tingissem?
As chuvas!
Você deixou que elas o vestissem com suas luvas?
Já se entregou a alguma tempestade?
Já quis iluminar toda a sua cidade?

Se não houver amanhã
Sua vida pagã
Terá mesmo, seriamente
Convincentemente,
Sido bem vivida,
Com aquele gosto de conquista?
Ou será um suplício,
Um amontoado de inúteis sacrifícios?

A vida gosta de termos como: visceral
Plural...,
É ambiciosa,
Não se revela em prosa,
Prefere a magia indiscutível dos versos,
Ainda que incertos.
Não liga para miudezas,
Trava com rudezas.
Assusta-se com a violência,
A essência
Da decadência,
Que atravessa a cadência,
Desafina
E contamina.

A vida o espera em seu canteiro,
Desde que você se entregue por inteiro.

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